Quem passa por aqui

Um sonho sonhado sozinho é um sonho. Um sonho sonhado junto é realidade.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Maurício Baia

Não é segredo que sou um fã inveterado do Maurício Baia, já tem uns dez anos que escuto essas poesias musicadas que são cantadas com sua voz anasalada ao estilo Bob Dylan, revelando o melhor do rock nordestino. Filosófico, cita em suas músicas khalil gibran, entre outros. Então a partir de hoje serei mais um divulgador da obra desse jovem gênio da música brasileira.



foto de mauriciobaia em 21/08/08


Pra começar deixo uma mini-biografia que se encontra no site dele: http://www.mauriciobaia.com.br




"É tudo isso e nada disso"
Release

Ele não vai pegar leve. Passou pela escola do iê-iê-iê realista de Raul, passou pela escola da densidade psicológica de Dostoievski, pela escola Bob Dylan, com suas letras expansivas e visionárias, passou por essas e outras célebres escolas sendo sempre seu melhor e antiexemplar aluno: soube aprender e sair delas, pois a verdadeira função das escolas é deseducar, abrir a possibilidade de o sujeito se tornar, finalmente, um analfabeto, como diria de si mesmo Tom Zé - aliás, outra de suas escolas. Deseducado, analfabeto: criador. E aí pode-se dizer que há um artista.

O artista Baia é uma combinação desses e outros artistas, e ao mesmo tempo é irredutível a cada um deles. Com Raul, ele aprendeu que o rock pode ser a ?melhor música pra se dizer um monte de coisas?; é, como Raul e toda a tradição barroca da Bahia, excessivo; e crítico, irônico, observador mordaz dos estranhos valores da nossa sociedade de consumo. Como Bob Dylan, além do timbre anasalado, ele tende à prosa: gosta de narrar, suas letras parecem querer transbordar a melodia. E, como Tom Zé, sabe contar estórias como ninguém, tem um talento delicioso para o humor, tem o timing cômico de um verdadeiro ator.

Mas Baia, como eu disse, é tudo isso e nada disso. É uma outra coisa que só ouvindo ou vendo, mas a gente pode se aproximar mais um pouquinho. Ele canta o amor ao avesso: a mulher que tem ciúmes até do cachorro que o lambeu, que quer que ele se lembre até do que ela se esqueceu de lhe dizer, a outra que quer corrigir sua vida com caneta vermelha, quer arrancar suas páginas e tem mania de colocar pingos em ipsilones. Ele canta Deus a torto - o vazio da ?falta de Pai eterno? - e a direito: ?em tudo o que há, Ele é?. ?Agora é a hora da falácia?, ele diz, iniciando seu show, como num antiapocalipse.

A inteligência e o rock. A comunhão, que reúne, e a ironia, que separa. Os shows de Baia, quem já viu sabe do que estou falando, são festas para Apolo e Dionísio, ritos para a cabeça e o corpo. Depois da trajetória com os Rockboys (banda em que tocava o guitarrista e talentoso compositor Tonho Gebara, parceiro de Baia em algumas de suas melhores canções, e lamentavelmente falecido no começo desse ano), Baia tem intensificado as parcerias com Gabriel Moura, ex-Farofa Carioca e um dos melhores compositores da sua geração. Soma de forças que vem rendendo canções vigorosas e precisas, como ?Fulano? e ?Tu?, respectivamente, entre outras.

Dono de uma trajetória que já conta com cinco discos, inúmeros shows e um público fiel, Baia está a ponto de bala, com a faca e o queijo na mão. Às suas canções mais conhecidas, como ?Na fé?, ?O comedor de calango e o gerente da multinacional?, ?Eus?, ?Bicho homem?, ?Baia e a doida?, têm se juntado novas composições - como as acima citadas ?Fulano?e ?Tu?, além de ?Habeas corpus? e ?TV Cultura?, que ainda não foram gravadas, mas já vêm sendo apresentadas em seus shows - que prometem um belo novo disco. ?Agora é a hora da falácia?, ele anuncia. Mas a verdade é que esse cara é bom - e não é candidato a nada.

Francisco Bosco, julho 2004
Mais informações »

0 comentários:

Postar um comentário

Sponsors