Quem passa por aqui

Um sonho sonhado sozinho é um sonho. Um sonho sonhado junto é realidade.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Upside down - Jack Jonhson - Traduzida

Quem vai dizer o que é impossível?
Bem eles esqueceram que este mundo continua girando
E a cada novo dia eu posso sentir uma mudança em tudo

E enquanto a superfície quebra, reflexos enfraquecem
Mas de algum modo eles permanecem os mesmos
E à medida que minha mente começa a abrir suas asas,
Não há limites para a curiosidade

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Jack Johnson


http://www.lat34.com/_/Photo/Nonex500/jackjohnson2.jpg
Jack Hody Johnson nasceu em Honolulu, Havaí, 18 de maio de 1975 e cresceu na Baía Norte de Oahu, Havaí, aprendeu a tocar violão aos 14 anos de idade, começou tocando músicas do Metallica (One) e de Cat Stevens (Father and Son). Antes de lançar o álbum Brushfire Fairytales fazia filmes de surf.http://www.lat34.com/_/Image/_/jack_johnson_surfing.jpg

Jack se aproximou mais da música aos 17 anos, quando ao participar de uma competição de surfe, sofreu um acidente que o deixou 90 dias parado. Durante esse período começou a compor influenciado por ídolos como Bob Marley.

Foi estudar cinema na Califórnia aos 18 anos, não queria ser um profissional do surfe, por isso decidiu estudar cinema, idéia que lhe rendeu um documentário (Thicker than water), dirigido por Jack, gravado a partir de uma aventura ao redor do mundo com amigos, documentário aquele que em 1997 ganhou o título de documentário do ano pela revista Surfer.http://www2.ctt.pt/fewcm/export/pics/miniweb/bilhetes/litle_image/Jack-Johnson2.jpg

Jack Johnson ainda fez mais 2 documentários, ambos também sobre surf: A Broken down Melody e September Sessions. O próprio Jack compôs as trilhas sonoras dos documentários. Incentivado por amigos como Ben Harper, Jack Johnson gravou seu primeiro CD, 'Brushfire Fairytales' em 2001. Em 2003, lançou seu segundo CD, 'On And On'. Em 2005, Jack Johnson alcançou o topo de sua carreira com o lançamento de seu terceiro CD, 'In Between Dreams', onde conquistou o 2° lugar no Top 200 da revista Billboard.

In Between Dreams e todos os discos posteriores foram gravados nao mais pela universal Records, mais pela sua própria gravadora, A Brushfire Records gravando cd's de varios amigos como Matt Costa, G.Love e Ben Harper.

Em 2006 Jack Johnson lançou seu quarto CD, "Sing-A-longs and Lullabies for the film: Curious George". O CD é a trilha sonora do filme de animação 'Curious George', na qual Jack compôs. O CD tem participação de amigos, como Ben Harper, Matt Costa e G. Love. A música que tem feito mais sucesso se chama "Upside Down".

No dia 4 de Fevereiro de 2008 Jack Johnson lançou o quinto cd de sua carreira, Sleep Through The Static, onde ele toca músicas dedicadas especialmente à família e amigos mais próximos.

Atualmente, toca junto com Adam Topol e Merlo.

Sua música é influenciada por artistas como Nick Drake, The Beatles, Rolling Stones, Sex Pistols,Jimi Hendrix, Tribe Called Quest, Bob Dylan, Ben Harper, Radiohead, G. Love and Special Sauce, Otis Redding, Neil Young, Bob Marley, Tom Curren, Kurosawa, Sublime e outros.

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terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Quem foi o pai dos hippies ?

http://www.kerouac.com/images/keenan/kennan_photo02.jpgSessenta e quatro mil, novecentos e vinte e oito! Essas foram, reza a lenda, as últimas palavras balbuciadas pelo espantoso Neal Cassady. Quem escutou o enigmático suspiro foi um mirrado grupo de índios tahaumaras que passava ao lado da linha férrea no ardente deserto mexicano, a 4 quilômetros da estação mais próxima, em Guanajuato, norte do México. Era a manhã de 4 de fevereiro de 1968, e os nativos evidentemente não alcançaram o significado dos algarismos que, junto com o último suspiro, derramaram-se da boca ressequida do gringo poeirento caído junto aos trilhos.

Se vivesse quatro dias mais, Neal Cassady iria comemorar seu 42º aniversário. Mas ninguém pode dizer que foi pego de surpresa pela morte — e, menos ainda, que ela não tenha sido coerente com a trajetória do falecido. Cassady morreu drogado, sozinho, (relativamente) jovem, no auto-exílio e à beira do caminho. O nobre selvagem que influenciou toda a literatura e a geração beat foi um desses personagens definitivamente maiores que a vida. Foi o frenético protagonista de On the Road, de Jack Kerouac, o "herói secreto" de Allen Ginsberg, um coquetel de James Dean com Marlon Brando e uma pitada de Maiakovski, o vagabundo celestial, o pai de todos os hippies, o patrono da delinqüência juvenil e da rebeldia sem causa, o motorista sem limites. Um genuíno herói americano.

Nascido em Salt Lake City em 8 de fevereiro de 1926, criado nos becos de Denver, Colorado, por um pai alcoólatra, Neal passou a adolescência em reformatórios lendo Nietzsche e histórias em quadrinhos (sem entender bem nenhum dos dois) e escrevendo longas, loucas cartas. Pelas vias transversas que sempre marcaram sua vida, tais cartas chegaram às mãos (e aos espíritos) de Ginsberg e Kerouac. E deflagraram uma revolução literária na América.

O vertiginoso estilo de Neal, sua torrente verbal sem pontos ou vírgulas, desatolou Kerouac do areal criativo onde ele se encontrava e o levou a escrever, em delirantes três semanas, o clássico On the Road – Pé na Estrada (1957). É o livro que transformou Cassady em personagem imortal. A vida (e a incipiente obra) do homem que Kerouac batizou no livro como Dean Moriarty também inspirou Ginsberg a criar um dos mais fulgurantes e sombrios poemas dos tempos modernos, Uivo (1956). A súbita fama tornou Neal Cassady prisioneiro da própria lenda. Mas ele ainda conseguiu incrementá-la ao partir com Ken Kesey (autor de Um Estranho no Ninho, 1962) em uma louca viagem de ônibus e de ácido, de costa a costa da América. Em meio a tantas vertigens, Neal escreveu seu único livro, parte inicial de uma autobiografia inconclusa, chamado O Primeiro Terço (lançado três anos após sua morte).

O fim da linha se deu naquela manhã de 1968. Após ingerir colossais doses de pulque, bebida fermentada feita de cacto, Cassady partiu, doidão e a pé, de Celaya, cidadezinha no meio de nada, até San Miguel de Allende, próxima a lugar nenhum, anunciando para sua jovem amante que iria contar quantos dormentes havia na linha férrea entre um vilarejo e o outro.

— Sessenta e quatro mil, novecentos e vinte e oito! — foi o que os tahaumaras escutaram o gringo dizer, antes que a insolação e a desolação levassem Cassady para brincar em outros campos do Senhor.

* Eduardo Bueno, autor de livros de história do Brasil, traduziu On the Road – Pé na Estrada, de Jack Kerouac

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Herbert Viana

Pensamento da semana

Cirurgia de lipoaspiração?

Pelo amor de Deus, eu não quero usar nada nem ninguém, nem falar do que não sei, nem procurar culpados, nem acusar ou apontar pessoas, mas ninguém esta percebendo que toda essa busca insana pela estética ideal é muito menos lipo-as e muito mais piração?

Uma coisa é saúde outra é obsessão. O mundo pirou, enlouqueceu. Hoje, Deus é a auto-imagem. Religião, é dieta. Fé, só na estética. Ritual é malhação.

Amor é cafona, sinceridade é careta, pudor é ridículo, sentimento é bobagem.

Gordura é pecado mortal. Ruga é contravenção. Roubar pode, evelhecer, não. Estria é caso de policia. Celulite é falta de educação. Filho da puta bem sucedido é exemplo de sucesso.

A máxima moderna é uma só: pagando bem que mal tem?

A sociedade consumidora, a que tem dinheiro, a que produz não pensa em mais nada alem da imagem. Imagem, estética, medidas, beleza. Nada mais importa a cultura, a sabedoria, o relacionamento, a amizade, a ajuda, nada mais importa.

Não importa o outro, o coletivo. Jovens não têm mais fé, nem idealismo, nem posição política. Adultos perdem o senso em busca da juventude fabricada.

Ok, eu também quero me sentir bem quero caber nas roupas, quero ficar legal, quero caminhar, corre, viver muito, ter uma aparência legal mas...

Uma sociedade de adolescentes anoréxicas e bulímicas, de jovens lipoaspirados, turbinados, aos vinte anos não é natural. Não é, não pode ser. Que as pessoas discutam o assunto.que alguém acorde. Que o mundo mude

Que eu me acalme. Que o amor sobreviva

“cuide bem do seu amor, seja ele quem for”

Herbert Vianna

Cantor e compositor

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segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Todo mundo explica

http://www.webletras.com.br/resize.asp?path=artistas%5CRaul-Seixas_450x300_741.JPG&height=140&maxw=409Umas das letras mais elucidativa do Raul, da qual ele usa elementos religiosos e filosóficos intrigantes, através dessa música somos capazes de perceber a mente confusa e ao mesmo tempo cheia de respostas que era a mente de Raulzito, como sempre usando pitadas de humor, uma música poética com linguagem simbólica exotérica. Prestem muita atenção a cada linha:

http://www.radio.usp.br/imagens/raul1.jpg
Não me pergunte por que
Quem-Como-Onde-Qual-Quando-O Que?
Deus, Buda, O tudo, O nada, O ocaso, O cosmo
Como o cosmonauta busca o nado, o nada
Seja lá o que for, já é

Não me obrigue a comer
O seu escreveu não leu
Papai mordeu a cabeça
Do Dr. Sugismundo
Porque sem querer cantou de galo
Cada cabeça é um mundo Gismundo
Antes de ler o livro que o guru lhe deu
Você tem que escrever o seu

Chega um ponto que eu sinto que eu pressinto
Lá dentro, não do corpo, mas lá dentro-fora
No coração e no sol, no meu peito eu sinto
Na estrela, na testa, eu farejo em todo o universo
Que eu to vivo
Que eu to vivo
Que eu to vivo, vivo, vivo como uma rocha
E eu não pergunto
Porque já sei que a vida não é uma resposta
E se eu aconteço aqui se deve ao fato de eu
simplesmente ser
Se deve ao fato de eu simplesmente

Mas todo mundo explica
Explica, Freud, o padre explica, Krishnamurti tá
vendendo
A explicação na livraria, que lhe faz a prestação
Que tem Platão que explica, que explica tudo tão bem vai lá que
Todo mundo explica
protestante, o auto-falante, o zen-budismo,
Brahma, Skol
Capitalismo oculta um cofre de fá, fé, fi, finalismo
Hare Krishna, e dando a dica enquanto aquele
papagaio
Curupaca e implica
Com o carimbo positivo da ciência que aprova
e classifica

O que é que a ciência tem?
Tem lápis de calcular
Que é mais que a ciência tem?
Borracha prá depois apagar
Você já foi ao espelho, nego?
Não?
Então vá!
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quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Indicações ao premio dardos

Esse são os meus indicado ao premio dardos que poderão indicar o premio para outros 15 blogs


Visite!PoematórioVírus, Spam & Cia.Cerebelo na BritaZé do QuiaboCódigos Bloghttp://i153.photobucket.com/albums/s226/mahoutsukaibr/Viciados%20em%20livros/logo-3.jpg

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quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Premio Dardos

É meus amigos fui indicado pela Bárbara ao premio Dardos, depois estarei postando os meus indicados.
[premio-dardos_thumb1.jpg]






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terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Buddha de Odilon Redon
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Jack Kerouac & Allan Watts


Estávamos de mudança. Deus havia nos permitido encontrar um novo caminho para a nossa vida. Meu pai, combalido e num estágio avançado da doença, conseguiu um empréstimo com um parente e esperávamos o caminhão Ford de Ned Sander parar na frente da nossa casa. Íamos saindo de Lowell, deixando para trás cerca de mais de duzentos anos de história. Entretanto, a pobreza corrói o espírito e transforma o corpo em um lar de desespero. O homem falido deixa os hábitos e a sujeira ocupa suas feições. A barba cresce, os olhos passam a procurar o vazio, a coluna arria. Era outubro e o outono abriu meu coração, jorrando lágrimas de palavras sobre a tábua da vida.
Enquanto ouvia discretamente a chuva cair e o silêncio ocupar a paisagem, percebi que a porra do Sander estava atrasado. Meu pai tinha feito a barba, penteado o cabelo e usava o seu melhor traje. Queria sair dos limites da cidade de forma digna, sem que se sentisse um “derrotado pelas coisas”. Mas que merda! Pensei em gritar: Pai, cadê aquele animal? Mas logo vi que essa raiva não era para o homem que se esquecera do compromisso. Percebi que o ódio era da mudança, da urgência da vida e da dependência moral e econômica dos cidadãos da América. Seria uma agressão ao meu velho e sacrificado pai, não um desabafo contra o outro, mas um tiro no meu próprio peito.
Numa das caixas, um livro me chamou a atenção. Era mais um das coleções loucas de minha mãe, uma católica que vertia para um lado mais esotérico e místico da crença. Ela sempre apresentou uma sabedoria unificada a superstições, uma mistura que também me cativou. O título da edição eu não me recordo, lembro-me da capa, bem bonita, uma santa talhada, uma verdadeira obra prima da iconografia cristã. Ele devia ser muito velho, deve ter pertencido a algum parente distante. Ao me aproximar para pegar o livro, um outro título, por baixo desse, estava ainda embrulhado. Mãe que livro é esse, perguntei. Ganhei da Beth, Jean, acho que sobre um estudo de orientalismo, não me recordo o autor, disse ao mesmo tempo em que soltou um suspiro de impaciência, seguido de um olhar para a tristeza de meu pai. Desviei minhas vistas da desgraça e logo me interessei pelo conteúdo daquele objeto. Quem sabe ele não tiraria minha atenção daquele momento e me levaria para o jardim secreto?
Rapidamente tirei o papel pardo que o cobria. Era um livro chamado “O espírito do Zen”, de Alan Watts. Nunca tinha ouvido falar do nome, mas já conhecia um pouco do assunto. Um outro Allan me apresentou algumas lições dadas pelos patriarcas e me explicara sobre a diferença entre o budismo mahayana e o hyrayna, o grande e o pequeno veículo. Explicação essa que tinha ido mesmo para o meu espírito, para o meu inconsciente. Só me lembrava do nome sagrado Sunyata, o nosso estado atual em que estamos todos separados, vazios. Então, abri ao esmo as páginas, encontrei de cara alguns versos para Pu Tai, o Deus da fortuna, que diziam sobre vacas que pastavam em nossos domínios:
Nunca deixem que te afastem/ Do chicote e da corda/Pois, caso contrário, ela fugirá para um mundo profano/ Quando ela for adequadamente domada,/Crescerá pura e dócil/ E mesmo sem cordas, e sem nada que a prenda/ Seguir-te-à espontaneamente
Muito antes de acreditar ser um poema que incentive a violência contra o pobre rebanho, tive a intuição de que a vaca representava uma espécie de recompensa, de alimento. Para alcançá-lo é preciso que dominemos nossos instintos e continuemos com o esforço de educar nossas ações. Quando estivéssemos maduros, aquilo que nos é primário e necessário estaria em nós sem que percebêssemos. Todavia, não estaríamos presos a eles, não necessitaríamos contar os níqueis na carteira, nem lembraríamos de que existem bolsos, pois não pensaríamos neste acordo rasteiro chamado dinheiro.
Ned demorou mais alguns minutos para chegar fazendo barulho e jorrando fumaça sobre nós. Nos mudamos para Nova York, Ozone Park, um bairro operário, cinza, triste, mas pelo menos podíamos nos esconder do frio. Apesar de tudo, da morte de meu pai, das grandes noites de insônia, do longo caminho aos bons lugares da grande maça, foi naquele pequeno apartamento que tive as minhas verdadeiras experiências búdicas. Foi ali em meio ao silencia e à angústia que a força do cristo se uniu ao contemplar de Gautama. Percebi que os dois eram um só e que eu e todos nós também somos eles. Escrevi ali os meus livros e iniciei a minha retomada dali mesmo. Minhas viagens foram feitas a partir dali, assim como minhas amizades, loucuras e amores. E foi naquela vizinhança que Buda se virou pra mim e me cumprimentou. Olha, meu nome é Alan, sou pesquisador e fiquei muito interessado na maneira como escreve. Era alguém ao interfone. Onde conseguiu meu endereço, perguntei. Como disse, sou um pesquisador. Leciono em faculdades, conheço os beats. Tudo bem, pode entrar.
Ele devia ser um pouco mais velho do que eu, uns oito anos, já devia estar quase com quarenta, barba farta, cabelos pretos, mas se encaminhando para o grisalho, sotaque inglês. Entretanto, não se vestia como um inglês. Pensei até que se tratava de alguém da Austrália, cheio de cordões, sua blusa e calça, largas. Gostei de cara do sujeito.
- J. estudo o budismo há muito tempo e sempre vi dois tipos de textos. O considerado sagrado, protegido pelos patriarcas, contendo explicações doutrinárias, questões de lógicas morais e muitos, digamos, enigmas para o homem que não está acostumado a cultura do Oriente - tomou um trago de água e olhou para dentro da própria mente.
- Sei, prossiga...
- O outro tipo são pessoas como eu, que pegaram esses ensinamentos e escreveram racionalmente, tentando interpretar e racionalizar em cima das propostas do budismo e muito também sobre a sua história e contexto social. A questão é que eu nunca havia visto alguém escrever sobre o estado de iluminação dentro da própria literatura, sem necessariamente escrever: estou escrevendo a partir de pensamentos budistas. O tom que demonstra com seus personagens é impressionante búdico. Eles estão todos sobrecarregados de passagens, de idas e vindas sobre o vazio. A vida não é colocada como um fim, mas um meio, uma passagem para que se conquiste a liberdade.
Abro um sorriso, feliz por ter sido reconhecido, mas ainda mais alegre pois realmente senti algo naquele homem. Além disso, estava, justamente naqueles dias, acabando de dar os últimos retoques em meu terceiro título, “Vagabundos Iluminados” (Dharma Bums). Eram lembranças e vivências de um tempo em que considerava a iluminação como a minha principal causa, uma época em que o Zen e o Tao regulavam meus costumes.
- Sabe senhor Watts, eu tive um companheiro de viagem que me ajudou muito. Ele me mostrou sua coleção inteira de haikais e me deu lições básicas de mandarim. Entretanto ele foi para o Japão. Tenho algumas páginas do livro que conto um pouco do tempo em que escalávamos montanhas para sentir a vida em sua extrema transformação, senhor gostaria de fazer uma leitura?
- Não, acho que vou esperar que publiquem. Vim mesmo para olhar sua fortuna.
E na simplicidade de um grande iluminado, pediu licença, agradeceu o papo e a oferta e me desejou paz e equilíbrio.
Alguns anos depois, esse meu amigo que estava para o Japão não aprovou muito do que escrevi. Sua busca por iluminação passava por um silêncio radical sobre a própria experiência. Até entendo esse isolamento, porém, não teria como ter contado sobre as minhas transformações se ele não estivesse por perto. Seu vigor e sua sabedoria foram fundamentais para o processo. Fiquei isolado da humanidade por três meses pela força que ele me passou e agradeço a Deus por ter vivido a angústia do vazio.
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segunda-feira, 8 de dezembro de 2008






WALT WHITMAN foi um grande poeta americano. Nos seus poemas, Whitman celebra o homem moderno e faz da poesia um hino à vida. Foi uma espécie de hippie do século XIX e influência para muitos poetas, incluindo o poeta e ensaísta Fernando Pessoa.
"Esta manhã, antes do alvorecer, subi numa colina para admirar o céu povoado,E disse à minha alma: Quando abarcarmos esses mundos e o conhecimento e o prazer que encerram, estaremos finalmente fartos e satisfeitos?E minha alma disse: Não, uma vez alcançados esses mundos prosseguiremos no caminho."














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Canto de Mim Mesmo

As casas e os quartos estão repletos de perfumes,
as prateleiras estão repletas de perfumes,
Eu próprio aspiro essa fragrância, conheço-a e gosto dela,
Eu próprio dela poderia embriagar-me, mas não o
permitirei.
A atmosfera não é um perfume, não sabe a emanação
alguma, é inodora,
Para sempre ficará na minha boca, por ela me apaixonei,
Irei ao rio junto ao bosque e despojar-me-ei de disfarces
e roupas,
Estou louco por entrar em contacto com ela.
O fumo da minha própria respiração,
Ecos, ondulações, murmúrios e sussurros, raiz do amor,
fio de seda, forquilha e vide,
A minha respiração e inspiração, o bater do coração,
o sangue e o ar que passam pelos meus pulmões,

O odor das folhas verdes e das folhas secas, da praia e das
rochas escuras do mar, e do feno no celeiro,
O som das palavras que a minha voz atira aos remoinhos
do vento,
Alguns beijos leves, alguns abraços, os braços à volta
de um corpo,
O jogo de luz e sombra nas árvores com os dóceis ramos
balouçando,
O prazer de estar só ou no tumulto das ruas, ou pelos
campos e colinas,
A sensação de saúde, os gorjeios do grande meio-dia,
o meu canto ao levantar-me da cama e encontrar o sol.

Achas que mil acres são muitos? Achas que a Terra é muita?
Praticaste o necessário para aprender a ler?
Sentiste-te orgulhoso por captar o sentido dos poemas?

Fica comigo este dia e esta noite e possuirás a origem
de todos os poemas,
Possuirás o que há de bom na Terra e no Sol
(há milhões de sóis)
Não terás coisas em segunda ou terceira mão, nem verás
pelos olhos dos mortos, nem te alimentarás
dos espectros dos livros,
Nem através dos meus olhos verás, nem de mim terás
as coisas,
Escutarás tudo e todos e tudo em ti filtrarás.

WALT WHITMAN
(1819 – 1892)

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Jornalistas e a ditadura

Beatriz Kushnir, 35 anos, aprovada com louvor em outubro de 2001 no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), lança suspeitas sobre um dos mitos cultuados pela imprensa brasileira: o de que jornais e jornalistas foram quixotes na luta contra o regime militar. O trabalho tem 473 páginas e é resultado de cinco anos de pesquisas. Beatriz mirou no que viu e acertou no que não viu. Começou como um estudo da censura à imprensa alternativa e acabou desvendando o grau de colaboracionismo com a ditadura incrustado em algumas redações.

‘Assim como nem todas as redações eram de esquerda, nem todos os jornalistas fizeram do ofício um ato de resistência ao arbítrio’, diz Beatriz Kushnir. ‘Há um desconforto diante da desmistificação generalizante de que os jornalistas combateram a ditadura.’ O trabalho demonstra que os jornais que tiveram um censor na redação não foram tantos assim, que a primeira profissão de parte dos censores era o jornalismo e, pior, que havia um elevado grau de promiscuidade nas relações entre alguns jornalistas e os órgãos de repressão. Beatriz não foge à polêmica. Para a tese de mestrado na Universidade Federal Fluminense (UFF) ela escolheu a história das prostitutas judias que se organizaram em associações de ajuda mútua e ficaram conhecidas como polacas, citadas nos versos de Aldir Blanc para a música ‘O mestre-sala dos mares’ - não por acaso uma das vítimas da censura, que vetou o título original: ‘O almirante negro’.

A historiadora começou a derrubar as ilusões da imprensa brasileira ao pesquisar os documentos do Departamento de Censura de Diversões Públicas da Polícia Federal no Arquivo Nacional, em Brasília, entrevistando 11 censores - exceção para Solange Hernandes, a popular Solange Tesourinha, que mandava cortar tudo o que é filme, livro, texto de teatro e versos de músicas - e uma penca de jornalistas. O porão que escondia os instrumentos legais da censura abrigava também jornalistas de formação. ‘Foi tentando perceber quem eram os censores que me surpreendi ao encontrar já no primeiro grupo deles dez jornalistas.’ Descobriu ainda policiais de carreira que atuaram como jornalistas colaborando com a repressão.

Os três primeiros capítulos mostram a evolução da censura desde a Proclamação da República. É iguaria rara, mas o melhor vem depois. Da posição cínica defendida por um jornal do Rio, em 1976, em defesa de uma ‘censura inteligente’ - feita por pessoal mais bem preparado política e intelectualmente - à constatação de que, na prática, os jornais optaram preferencialmente pela autocensura ao encampar as notas da Polícia Federal transmitidas pelo Serviço de Informação do Gabinete (Sibag), vinculado ao gabinete do ministro da Justiça, mas sem registro no organograma dos órgãos federais - portanto, clandestino. A alternativa era a censura prévia.

Os censores estiveram nas redações para cortar os ‘excessos’ em poucos periódicos. No ‘O Estado de S. Paulo’, do AI-5 a janeiro de 1975, e na ‘Tribuna da Imprensa’, em um período não contínuo, de 1968 a 1978. Na imprensa alternativa freqüentaram ‘O Pasquim’, de novembro de 1970 a março de 1975, ‘O São Paulo’, de junho de 1973 a junho de 1978, ‘Opinião’, de janeiro de 1973 a abril de 1977, e ‘Movimento’, de abril de 1975 a junho de 1978. Na Veja, de 1974 a junho de 1976. A revista foi censurada ainda no berço, logo no número 5, em 1968. Durante todo o governo do general Emílio Garrastazu Médici seria uma das vítimas favoritas do regime. A edição com a capa ‘O presidente não admite torturas’ foi proibida de chegar às bancas.

‘Oliveiros, hoje nós não vamos aí.’

O governo do general Ernesto Geisel, com a promessa de abertura, ainda que lenta, gradual e segura, não deixou de estabelecer os parâmetros do que considerava permitido - mesmo que nos bastidores os ministros Golbery do Couto e Silva, da Casa Civil, e Armando Falcão, da Justiça, mantivessem diálogos com jornalistas anunciando a retirada da censura das redações. As notas proibitivas continuaram a ser transmitidas até fins de 1975. Nos primeiros dias de abril, o número 300 de ‘O Pasquim’ trazia o editorial intitulado ‘Sem Censura’, escrito por Millôr Fernandes, notificando ao leitor que desde 24 de março o tablóide se encontrava livre da censura prévia. Depois de um telefonema do Dr. Romão, o último dos quase 30 censores que o jornal teve em cinco anos, estava decretado que a responsabilidade passava a ser da redação. Sentença semelhante recebeu o então secretário de redação de ‘O Estado de S. Paulo’, Oliveiros S. Ferreira. ‘Eles ficaram do AI-5, em 13 de dezembro de 1968, até 3 de janeiro de 1975, um dia antes do centenário do jornal’, relembra Ferreira. Foi quando ele recebeu um telefonema do chefe dos censores:

- Oliveiros, hoje nós não vamos aí.

Oliveiros:

- Mas, então, quem responde pelo jornal?

- Ah, isso é problema seu. Até logo!

Um ano antes, o humorista Ziraldo, do ‘Pasquim’, havia escrito uma carta ao ministro da Justiça, Armando Falcão, pedindo a volta da censura do jornal para o Rio, que havia seis meses, em represália, era feita em Brasília para atrasar propositadamente o fechamento das edições. Ao fim da carta, além da assinatura, um desenho: a mão de um homem que se afogava e a palavra ‘help’. ‘Millôr Fernandes já havia advertido em seu editorial que o rompimento repentino da censura embutia a noção de que deixar de intervir era uma concessão que deveria ser paga com responsabilidade’, lembra Beatriz. ‘Sem censura não quer dizer com liberdade’, terminava o texto de Millôr.

A censura espalhou vítimas para todos os lados. O cineasta francês Jean Luc Godard foi uma delas. No regime militar teve proibido o filme ‘A chinesa’. Em 1984, a censura a outro de seus filmes, ‘Je vous salue, Marie’, geraria protestos calorosos, a demissão do ministro da Justiça, na época o deputado federal pernambucano Fernando Lyra, e a exposição da permanência de atos censórios em um período de suposta redemocratização. Alguns jornais e jornalistas que não aderiram à resistência se bandearam para o outro lado. ‘Cães de guarda’ revela o papel duplo de uns e outros. Jornalistas que foram censores federais - e também policiais - e vice-versa dividiam as redações com as chamadas bases esquerdistas que, segundo o regime militar, sempre as dominaram. ‘No Brasil da censura existiam também os jornalistas colaboracionistas’, afirma Beatriz. ‘Eles foram verdadeiros cães de guarda.’

Um deles, segundo a tese, tomou conta do jornal ‘Folha da Tarde’, do Grupo Folha da Manhã, de 1967 a 1984. Todo o quarto capítulo narra a trajetória do jornal nos seus dois períodos: do renascimento, em 1967, até o AI-5. Beatriz Kushnir investigou a redação da ‘Folha da Tarde’ de 1967, que estava vinculada à cobertura dos movimentos políticos da época e tinha em seus quadros militantes de esquerda, até ser conhecida como ‘Diário Oficial da Oban’ (Operação Bandeirantes). ‘Cheguei à história da ‘Folha da Tarde’ por acaso’, conta. A historiadora tentava uma entrevista com o senador Romeu Tuma (PFL-SP), diretor do Departamento de Polícia Federal que rompeu com a tradição de militares no cargo desde a sua criação, em 1964. Chegou a entrar em contato com o seu assessor de Imprensa, em São Paulo, mas não conseguiu agendar um encontro. Ao entrevistar o jornalista Boris Casoy, âncora do Jornal da Record, para compreender os reflexos da censura na redação da ‘Folha de S. Paulo’, que ele dirigia na época, ficou sabendo quem era o assessor do senador e o significado da frase ‘o jornal de maior tiragem’.

Nos dois casos bateu na figura de Antonio Aggio Jr. A queda com o AI-5 do jornalista Jorge Miranda Jordão, hoje em ‘O Dia’, da direção de redação da ‘Folha da Tarde’, abriu espaço para outro grupo de profissionais. Antonio Pimenta Neves, que mais de 30 anos depois responde a processo pelo assassinato da namorada, era um deles. Aggio, ex-editor do jornal ‘Cidade de Santos’, viria depois. ‘Sob o comando dele o jornal deu uma guinada à direita’, diz Beatriz. ‘O clima de delegacia policial resistiu 15 anos e o jornal ganhou o apelido de ser o de ‘maior tiragem’ em São Paulo, não por causa da circulação, mas pelo número de tiras (policiais) que empregava.’

Acusado de colaborar, Aggio diz que também foi parar na Oban

Aggio rebate. ‘Essa tese é um negócio tortuoso para garantir o título de doutora à historiadora.’ Segundo o assessor do senador Tuma, a reformulação da ‘Folha da Tarde’ e o Projeto Folha, de 1984, quando o jornal passaria por nova mudança, nada teve a ver com ideologia, mas com mercado. ‘Nunca houve uma redação mais democrática que a da Folha da Tarde. Nunca se perguntou a coloração ideológica de ninguém por lá. Muitos esquerdistas trabalham no jornal até hoje’, afirma o jornalista. Aggio diz que todo o noticiário policial e militar tinha como fonte a Agência Folha e era publicado por todos os jornais do grupo. ‘Uma vez houve um incidente com o pessoal da luta armada em Osasco e como a ‘Folha da Tarde’ deu a notícia fui parar na Oban e no II Exército. Se fosse ligado à repressão não teriam me chamado para prestar esclarecimentos.’

‘Havia pressão psicológica e armada, além de econômica, mas nunca a família Frias me pediu para mudar a linha do jornal para aderir ao regime. Obedecíamos ao que a censura impunha porque não havia saída. Depois que deixei a direção do jornal, ele mudou de linha editorial’, diz Jorge Miranda Jordão, antecessor de Antonio Aggio na ‘Folha da Tarde’. ‘A imprensa nunca foi quixote, mas também não chegou a ser um Exército de Brancaleone. Talvez uns dez por cento das redações apoiassem o regime até por convicção política.’

‘Cães de guarda’ remexe em histórias nada edificantes. É o caso de uma manchete estampada pela ‘Folha da Tarde’ em abril de 1971 anunciando a morte do guerrilheiro Roque em confronto com a polícia paulistana. Roque era o codinome do metalúrgico Joaquim Seixas, preso com o filho Ivan, então com 16 anos. Militantes do Movimento Revolucionário Tiradentes (MRT), os dois tinham sido presos acusados pelo assassinato do industrial Enning Boilesen, um dos financiadores da Operação Bandeirantes, apenas um dia depois do crime, e foram torturados na Oban. Ivan leu a manchete sobre a morte do pai em uma banca de jornal ao ser levado pelos policiais para um ‘passeio’. Na volta ainda encontrou Joaquim vivo. Ele seria morto, de fato, horas depois. Os jornais do dia seguinte se limitariam a reproduzir a nota oficial dos órgãos de repressão com a notícia que a ‘Folha da Tarde’ havia estampado na véspera com detalhes, segundo a tese, como se tivesse repórter no local.

‘Toda a caçada ao capitão Carlos Lamarca, que havia desertado do Exército levando armas e munições do quartel de Quintaúna, em São Paulo, comandado pelo coronel Antônio Lapiane, tio de Ággio, que até hoje é vinculado à Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, vinha carregada de tintas fortes e se referia ao guerrilheiro como ‘louco’, afirma Beatriz. ‘A esquerda atribui à ‘Folha da Tarde’ a legalização de muitas mortes em tortura e `assassinatos acidentais´ de militantes em confronto com a polícia. Se sumissem todos os jornais que circularam um dia depois da missa ecumênica pela morte do jornalista Wladimir Herzog e só restasse a ‘Folha da Tarde’, não se saberia de nada. A cerimônia parou São Paulo, mas a FT não deu uma linha.’

A relação entre jornalistas e policiais já tinha sido exposta por Percival de Souza, repórter setorista de Polícia de ‘O Estado de S. Paulo’ e do ‘Jornal da Tarde’ e autor de biografias de figuras sombrias da ditadura, como o delegado Sérgio Paranhos Fleury, o temido e sanguinário torturador do Deops do Largo General Osório, em São Paulo, desenhado por ele como um amante adolescente. ‘Cães de guarda’ vai além. Esmiúça até à sarjeta o papel da imprensa na ditadura. Para se adaptar à autocensura não faltaram estratégias peculiares. A editora de uma revista de circulação nacional preparou um funcionário para dar curso aos censores de como realizar a tarefa. Uma rede de televisão contratou ex-censores para delimitar o permitido. Por abrigar jornalistas colaboracionistas algumas redações ficaram conhecidas como ‘ninho de gansos’. Era assim que eles eram tratados nos órgãos de repressão. Os jornalistas da ‘casa’ que cobriam o Deops não passavam pela revista a que eram submetidos os colegas com menos intimidade com os porões da ditadura - seguiam direto por uma entrada lateral, reservada aos policiais, apelidada de ‘passagem dos gansos’.

‘Muitos jornalistas trocaram a narrativa de um acontecimento pela publicação de versões que corroborassem o ideário repressivo’, diz Beatriz. ‘Fiéis aos seus donos, os cães de guarda farejaram uma brecha e, ao defender o castelo, nos venderam uma imagem errada. Quando o tabuleiro do poder mudou, muitos desses servidores foram aposentados, outros construíram para si uma imagem positiva e até mesmo heróica, distanciando-se do que haviam feito. Outros tantos se readaptaram e estão na mídia como sempre.’ Talvez alguns jornais brasileiros nunca tenham se aproximado tanto da imagem de papel de embrulhar peixe."

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Tatuagem X Preconceito

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Aumento do número de pessoas com tatuagem e piercing gera polêmica no mercado de trabalho

Uma flor na nuca, um dragão colorido no braço, uma bola de metal na ponta da língua. Discretos e chamativos, tatuagem e piercing, que um dia foram símbolo de rebeldia, ganham, a cada dia, mais adeptos – inclusive no mundo corporativo. E provocam, entre chefes, as mais diferentes reações. Por isso, segundo especialistas da área de Recursos Humanos, antes de decidir usar uma tatuagem ou um piercing, o profissional deve fazer uma avaliação do grau de conservadorismo de sua área de atuação.

Em áreas mais novas, como internet, telecomunicações e publicidade, o visual pode ser comum. Mas instituições com um perfil mais sóbrio, como bancos, escritórios de advocacia, hotéis e hospitais estão atentos à formalidade na apresentação do funcionário.

Empresa foi denunciada por discriminação no Paraná

“A tatuagem e o piercing ainda são associados, por alguns chefes mais conservadores, à excentricidade. Minha recomendação para alguém que deseja conquistar uma vaga é evitar esses adornos em lugares visíveis. Pode até haver neutralidade ou tolerância em relação ao assunto, mas ninguém será contratado porque é tatuado” – diz a diretora-executiva da Dasein Assessoria Empresarial, Adriana Prates.

A procuradora e coordenadora do Núcleo de Defesa dos Direitos da Personalidade do Ministério Público do Trabalho do Rio, Lisyane Motta, destaca que ninguém pode ser discriminado por ter tatuagem ou piercing.

“Recentemente, no Paraná, uma empresa foi denunciada por empregados, pois estabelecia normas em relação a vestimentas e acessórios, entre elas a proibição de tatuagens e piercings. Os funcionários entenderam que o empregador só poderia exigir asseio pessoal.”

Admiradores dos adornos concordam. Caso da advogada Renata Vasques, que trabalha num grande escritório. Ela tem uma tatuagem no pescoço e quer fazer outra, no pé: “De certa forma, eu até acabo me tolhendo. Tenho um cavalo marinho delicado e vou escolher um desenho discreto para o pé. Mas não deixo de fazer, afinal uma tatuagem não pode ser relacionada à eficiência. E também não significa que eu não mantenha uma postura formal, inclusive na forma de me vestir”.

Ainda que as empresas não divulguem a proibição do uso de tatuagens e piercings, o critério pode acabar sendo usado na hora da contratação. É o que destaca Lisyane Motta, do Núcleo de Defesa dos Direitos da Personalidade.

“É algo tão sutil que fica difícil apurar. Por isso acontece muito. É diferente de preconceito de cor ou de sexo, que pode ser detectado numa pesquisa do quadro de funcionários.”

Acreditando que a mente dos chefes mudaram, o fisioterapeuta André Lauria decidiu, há dois meses, fazer uma tatuagem num local do corpo aparente: o antebraço. Lauria, que é fisioterapeuta do time de futebol da Universidade Estácio de Sá, estava empregado há apenas um mês na clínica Fisiobarra, também da instituição.

“O diretor da clínica se surpreendeu e comentou que eu não deveria ter feito num local tão exposto, pois poderia chocar os pacientes. Mas frisou que minha competência estava acima disso. E a tatuagem, que é meu sobrenome, não transmite rebeldia. É uma exaltação à minha família.”

Segundo pesquisa, 70% dos que se tatuam são mulheres.

Mais radical, com várias tatuagens e piercings, a terapeuta capilar Cíntia Araújo, do Salão Fashion Clinic, faz coro: “Atendemos senhoras muito sofisticadas, mas fiz meu nome dentro da minha área e é isso que importa para elas: serem atendidas por uma boa profissional e saírem daqui com os cabelos mais bonitos.”

O fato é que, hoje em dia, as tatuagens vão muito além do universo dos velho marujos. Caio Freire, um dos mais antigos tatuadores do Rio e presidente da Associação de Tatuadores da cidade, conta que hoje seus clientes são executivos, médicos e juízes. O presidente do Sindicato dos Tatuadores e Bodypiercing Profissionais do Estado do Rio, Alexandre Oazen, diz que uma pesquisa mostra que o número de pessoas que se tatuam dobrou de 2001 para 2004. E que 70% são mulheres.

Mas nem todos concordam que a tatuagem ou o piercing devam ser compartilhados com os colegas de trabalho. Silvana Pontes, supervisora de aeroporto da Team – companhia aérea que faz vôos regionais – tem uma tatuagem no tornozelo feita há 20 anos, mas, quando está trabalhando, só usa calças. E também não permite que suas subordinadas tenham o adorno em local do corpo que não possa ficar escondido pela roupa: “Nosso público é a elite da elite. Temos que ter um padrão de apresentação, que inclui maquiagem, unhas bem feitas e nada de tatuagem ou piercing, que não condizem com a imagem que queremos transmitir.”

Fonte - Jornal O Globo - Caderno Boa Chance - 01/05/2005
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O golpe militar

O golpe

O Golpe de 1964, após longo amadurecimento finalmente ocorreu de forma repentina.

Segundo a Fundação Getúlio Vargas:

  • (sic)...o golpe militar foi saudado por importantes setores da sociedade brasileira. Grande parte do empresariado, da imprensa, dos proprietários rurais, da Igreja católica, vários governadores de estados importantes (como Carlos Lacerda, da Guanabara, Magalhães Pinto, de Minas Gerais, e Ademar de Barros, de São Paulo) e amplos setores de classe média pediram e estimularam a intervenção militar, como forma de pôr fim à ameaça de esquerdização do governo e de controlar a crise econômica.

O golpe também foi recebido com alívio pelo governo norte-americano, satisfeito de ver que o Brasil não seguia o mesmo caminho de Cuba, onde a guerrilha liderada por Fidel Castro havia conseguido tomar o poder. Os Estados Unidos acompanharam de perto a conspiração e o desenrolar dos acontecimentos, principalmente através de seu embaixador no Brasil, Lincoln Gordon, e do adido militar, Vernon Walters, e haviam decidido, através da secreta "Operação Brother Sam", dar apoio logístico aos militares golpistas, caso estes enfrentassem uma longa resistência por parte de forças leais a Jango.

Logo após o golpe, vieram os Atos Institucionais, artificialismos criados para dar legitimidade jurídica a ações políticas contrárias à Constituição Brasileira de 1946, culminando numa ditadura.

Foram decretados dezesseis atos de 1964 a 1978, estes pela própria redação eram mandados cumprir, diminuindo assim as liberdades da população, eliminando alguns dos direitos do cidadão.

Os expurgados

No dia 10 de abril de 1964, a junta militar divulgou a primeira lista dos atingidos pelo AI-1, composta de 102 nomes. Foram cassados os mandatos de 41 deputados federais e suspensos os direitos políticos de várias personalidades de destaque na vida nacional, entre as quais João Goulart, o ex-presidente Jânio Quadros, o secretário-geral do proscrito Partido Comunista Brasileiro (PCB) Luís Carlos Prestes, os governadores depostos Miguel Arraes, de Pernambuco, o deputado federal e ex-governador do Rio de Janeiro, Leonel Brizola, o desembargador Osni Duarte Pereira, o economista Celso Furtado, o embaixador Josué de Castro, o ministro deposto Abelardo Jurema, da Justiça, os ex-ministros Almino Afonso, do Trabalho, e Paulo de Tarso, da Educação, o presidente deposto da Superintendência da Política Agrária (Supra) João Pinheiro Neto, o reitor deposto da Universidade de Brasília Darcy Ribeiro, o assessor de imprensa de Goulart Raul Riff, o jornalista Samuel Wainer e o presidente deposto da Petrobrás, marechal Osvino Ferreira Alves.

A lista incluía 29 líderes sindicais, como o presidente do então extinto Comando Geral dos Trabalhadores (CGT), Clodsmith Riani, além de Hércules Correia, Dante Pellacani, Osvaldo Pacheco e Roberto Morena. Cento e vinte e dois oficiais de alta patente das forças armadas foram também expulsos, além de sargentos, cabos, etc. Em 14 de Abril, todo e qualquer opositor ao golpe de 1964 é considerado inimigo de estado e passa a ser considerado criminoso, pelo Ato Complementar Número Nove. Quem não era a favor, era contra, e quem era contra, era inimigo do Estado.

Castelo Branco

No dia 11, o Congresso Nacional ratificou a indicação do comando militar, e elegeu o marechal Humberto de Alencar Castelo Branco, chefe do Estado-Maior do Exército. Como vice-presidente foi eleito o deputado pelo PSD José Maria Alkmin, secretário de finanças do governo de Minas Gerais, do governador Magalhães Pinto, que ajudou a articular o golpe.

Os Atos Institucionais - AI-1

Em 9 de Abril de 1964, foi publicado o Ato Institucional Número Um , ou AI-1, que suspendeu por dez anos os direitos políticos de todos aqueles que poderiam ser contrários ao regime, intimidando os congressistas com a ameaça de cassações, prisão, enquadramento como subversivos e expulsão do país. A Lei de Segurança Nacional que seria publicada no futuro, em 3 de Março de 1967, teve seu embrião no AI-1. [1]

Houve uma razão lógica para a decretação do Ato, que foi uma medida mais estratégica do que o diálogo. Os políticos, em sua maioria, estavam reticentes quanto aos caminhos que seriam tomados pelo governo de então. Naquela altura, a conversa, o convencimento pela razão e pelos argumentos, seriam inócuos, demandariam muito tempo, o que daria espaço e fôlego aos depostos ou à oposição de se reorganizarem.

Haveria que se tomar uma medida radical para convencer os indecisos dos rumos determinados pelo comando da revolução (Ou golpistas), e um Congresso indeciso seria precedente perigoso para a deflagração de uma guerra civil, daí o afastamento de todos aqueles que porventura poderiam dificultar o processo ou reagir. Isto está bem claro nos primeiros parágrafos do AI-1:

    • "...(sic) É indispensável fixar o conceito do movimento civil e militar que acaba de abrir ao Brasil uma nova perspectiva sobre o seu futuro. O que houve e continuará a haver neste momento, não só no espírito e no comportamento das classes armadas, como na opinião pública nacional, é uma autêntica revolução."
    • "A revolução se distingue de outros movimentos armados pelo fato de que nela se traduz não o interesse e a vontade de um grupo, mas o interesse e a vontade da Nação."
    • "A revolução vitoriosa se investe no exercício do Poder Constituinte. Este se manifesta pela eleição popular ou pela revolução. Esta é a forma mais expressiva e mais radical do Poder Constituinte. Assim, a revolução vitoriosa, como Poder Constituinte, se legitima por si mesma."

Como observado no texto, os militares acreditavam da necessidade urgente de legitimar o golpe "por si mesmo".

  • Muitos ainda discutem que se fosse de fato um "movimento popular legítimo em nome da democracia", alguns meses depois da "revolução" deveria ser feito um plebiscito, para se saber da verdadeira vontade popular.
  • Ainda hoje é cobrada pelos mais antigos a necessidade de se mandarem cumprir dezesseis atos intitucionais.
  • Alegam outros que no início houve o desejo de entregar a democracia o mais rapidamente possível à Nação. Ainda dizem que o presidente Castelo Branco foi bastante claro quanto ao seu desejo, pois ele era um intelectual.

Dizem ainda que houve uma radicalização principalmente da "linha dura", que não aceitava de forma alguma um governo de tendências esquerdistas democraticamente eleito novamente. Segundo o grupo mais radical, se isso acontecesse, poderia haver uma entrada das esquerdas no Brasil e, em conseqüência, o país explodiria em conflitos agrários e urbanos, com muito mais violência do que se eles (os militares) permanecessem no poder.

A criação do SNI

Logo após a eclosão do golpe, no dia 13 de Junho de 1964, foi criado o Serviço Nacional de Informações, SNI, onde eram catalogados e fichados aqueles que eram considerados inimigos do Estado.

Dirigentes do SNI, caso achassem oportuno, expediam ordens de vigilância, quebra de sigilo postal e telefônico daqueles suspeitos que eram considerados perigosos à Segurança Nacional.

O SNI substituiu o DNI (Departamento Nacional de Propaganda), que por sua vez havia substituído o DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda), que substituiu o Departamento de Propaganda e Difusão Cultural, (DPDC) que em 1934 havia substituído o Departamento Oficial de Propaganda, DOP. Logo, seu acervo era gigantesco, pois, detinha informações de milhares cidadãos brasileiros.

O Ipes, (Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (Entidade fundada em 02 de Fevereiro de 1962, cujo financiamento foi procedido por empresas brasileiras e estrangeiras), forneceu milhares de dossiês, gravações de grampos telefônicos e documentos ao SNI, pois seu comandante, o general Golbery do Couto e Silva era diretor do instituto.

O SNI coordenava e catalogava todas as informações que poderiam ser relevantes: cidadãos e suas ações eram rastreadas, grampeadas, fotografadas.

A extinção da UNE e a reforma da educação

No dia 27 de Outubro de 1964, o Congresso Nacional extingue a União Nacional dos Estudantes (UNE) e todas as uniões de estudantes estaduais, aprovando a Lei Suplicy. Ao mesmo tempo o governo federal manda aprovar leis e dispositivos para a regulamentação e a imposição obrigatória do idioma inglês em todas as escolas públicas e privadas do Brasil, como resultado de negociações entre o Governo Federal e o governo dos Estados Unidos chamado na época de Acordo MEC-Usaid.

O objetivo da criação do acordo foi o de restaurar e reformar a educação pública brasileira impondo os métodos estado-unidenses de ensino, importando de empresas daquele país equipamentos e materiais para a reaparelhagem das escolas e universidades, foi nesta época que o primário e o ginásio passaram a ser nominados primeiro grau e o científico passou a ser chamado segundo grau.

O Segundo Ato Institucional, AI-2

Devido à vitória de candidatos da oposição nas eleições em cinco estados do país, os militares avançam com a repressão ao Estado: são reabertos os processos de cassação, partidos políticos são extintos, suas sedes invadidas e desativadas, o Poder Judiciário sofre intervenção do Executivo. Em 27 de Outubro de 1965, o general Humberto de Alencar Castelo Branco manda publicar em Diário Oficial e ordena o cumprimento do Ato Institucional Número Dois, o AI-2, que conforme seu "Artigo 33" suspendeu a Constituição de 1946, a Democracia e conseqüentemente as eleições diretas para presidente no Brasil.

Devido à decretação do AI-2, os Governadores da Guanabara, Carlos Lacerda, e de Minas Gerais, Magalhães Pinto, principais apoiadores civis do regime, que apoiaram com verbas e auxílio logístico o movimento dos militares, romperam em 25 de Outubro de 1964 com o Presidente.

Com o AI-2, o Poder Judiciário sofre intervenção direta do Poder Executivo. Desta forma, os julgamentos das ações dos golpistas deixam de ser competência da justiça civil, a legislatura passa a ser em causa própria, o Estado entra num regime de exceção ainda mais excludente dos direitos individuais do cidadão.

*Artigo 33º do AI-2 **O presente Ato institucional vigora desde a sua publicação até 15 de março de 1967, revogadas as "disposições constitucionais ou legais em contrário."

A invasão da Universidade

A presença de tropas numa escola é repugnante, pois é a presença física da intolerância num lugar onde a tolerância deveria ser cultivada, Roberto Salmeron em A Universidade Interrompida 1999.

No dia 11 de Outubro de 1965, o campus da Universidade de Brasília é invadido por tropas e pela polícia. Logo em seguida, professores e funcionários são expulsos da Universidade e demitidos, muitos por reagir acabam presos por desacato à autoridade. Alunos presos são espancados e torturados, alguns com certa gravidade, sob alegação de cometerem crimes de subversão.

Oitenta por cento da Universidade parou, equipamentos foram apreendidos e muitos danificados. Fichários, provas de alunos, material burocrático e históricos escolares foram destruídos e vandalizados, demonstrando que a hierarquia estava sendo posta em cheque.

A violência era totalmente desnecessária e a destruição de patrimônio público considerada criminosa por instituições internacionais.

O estímulo à repressão

A repressão era estimulada por uma parte de oficiais das Forças Armadas, a linha dura, que estava forçando o Congresso à aprovação de medidas de estímulo e uso da pressão para dar permissão à justiça militar para julgar civis por crimes políticos com rigor cada vez maior. A "linha dura", ao contrário do "grupo Sorbonne" (Grupo moderado do Exército), queria o poder absoluto, e acabar de uma vez por todas com toda e qualquer oposição ao sistema que estava sendo imposto à Nação.

  • O grupo Sorbonne era muito mais comedido e de visão histórica, tendia a ser mais democrático e comedido em suas ações, passando à manipulação ao invés da repressão, à investigação ao invés da tortura; menos imediatista, mais dado ao uso da coleta de dados e da inteligência a serviço da estratégia.

Quando o general Humberto de Alencar Castelo Branco baixou o Ato Institucional Número Dois, suspendendo a Constituição brasileira de 1946, conferiu ao Poder Executivo poderes para cassar mandatos e decretar o estado de sítio sem autorização do Congresso, proibir manifestações e reuniões públicas.

Os partidos políticos foram eliminados; foram também determinadas as eleições indiretas, com o Congresso Nacional transformado em Colégio Eleitoral. Na esteira dos Atos Institucionais, foram impostos Atos Complementares que continuaram formando uma constituição paralela, dando a cada atitude do governo força de lei: desde a prisão e expulsão do país de um político considerado inimigo de Estado até a cor da pintura de uma parede (Por exemplo: era proibido pintar paredes externas ou muros somente na cor vermelha) - tudo era centralizado pelo executivo.

O Poder Judiciário passou a sofrer intervenções do Poder Executivo quando de seus julgamentos, o Superior Tribunal Federal começou a receber ordens de como deveria julgar toda e qualquer petição que lá chegasse.

Atos Complementares

Em Novembro de 1965, foi mandado cumprir o Ato Complementar Número 4, que institucionalizou o sistema bipartidário no Brasil. Foram criados dois partidos, um situacionista e um oposicionista, sendo que o segundo jamais poderia ter quórum superior ao primeiro.

O partido situacionista, formado por integrantes dos extintos PSD e UDN e chamado de Aliança Renovadora Nacional, ARENA, dava sustentação ao governo, portanto era obrigatório que tivesse maioria. O partido oposicionista foi nominado Movimento Democrático Brasileiro, MDB. A população da época tinha um trocadilho para se referir aos dois partidos, ...um era o partido do "sim", o outro do "sim senhor".

[editar] Ato Institucional Número Três, ou AI-3

Em 5 de Fevereiro de 1966, foi mandado publicar e cumprir o Ato Institucional Número Três, AI-3, pelo Presidente. A edição deste ato se fez necessária porque a derrota da Arena, partido situacionista, nas eleições dos governos de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, estados onde se concentrava a maior população do Brasil, era iminente. Caso acontecesse, malograria todo o esforço da revolução. A medida impôs eleições indiretas para Governadores de Estados, logo a população não mais poderia escolher seus representantes a governo de estado.

Fechamento do Congresso

O Congresso Nacional foi fechado e presos os integrantes do partido oposicionista que protestaram em plenário contra o AI-3, sob suspeita de subversão e sabotagem ao espírito da revolução, segundo a imprensa. Muitos políticos acabaram desistindo da vida pública, tal a pressão sofrida e tal o clima de terror institucionalizado, deixando desta forma terreno para o partido situacionista agir livremente. Paralelamente, grandes empresas empreiteiras, financiadoras do golpe de 1964, ganharam as concorrências para o início e execução de grandes obras de engenharia. O Banco do Brasil, recebendo dinheiro do BID, liberou empréstimos para a compra de máquinas, equipamentos e implementos rodoviários para a construção de obras de infra-estrutura.

Ato Institucional Número Quatro

O Ato Institucional Número Quatro, ou AI-4, foi baixado por Humberto de Alencar Castelo Branco em 7 de dezembro de 1966. Castelo convocou o Congresso Nacional para a votação e promulgação do Projeto de Constituição, que revogava definitivamente a Constituição de 1946. Esta já havia recebido tantas emendas que estava totalmente descaracterizada.

Sob justificativa o crescimento dos movimentos de esquerda e pela influência da propaganda pelos movimentos igualitários (Veja o artigo: A esquerda armada no Brasil), observando ainda que a população brasileira, mais humilde, iniciava um movimento em direção à esquerda, a elite brasileira e a classe média começaram a temer o rápido avanço do chamado, por alguns extremistas da direita, perigo vermelho, ou perigo comunista.

Segundo relatos publicados pelo Departamento de Documentação Histórica da Fundação Getúlio Vargas:

  • (sic)…Os militares envolvidos no golpe de 1964 justificaram sua ação afirmando que o objetivo era restaurar a disciplina e a hierarquia nas Forças Armadas e deter a "ameaça comunista" que, segundo eles, pairava sobre o Brasil.

Posse

No dia 15 de abril, Castelo Branco tomou posse. Em 17 de julho, sob a justificativa de que a reforma política e econômica planejada pelo governo militar poderia não ser concluída até 31 de janeiro de 1966, quando terminaria o mandato presidencial inaugurado em 1961, o Congresso aprovou a prorrogação do seu mandato até 15 de março de 1967, adiando as eleições presidenciais para 3 de outubro de 1966. Esta mudança fez com que alguns políticos que apoiaram o movimento passassem a criticar o governo, a exemplo de Carlos Lacerda, que teve sua pré-candidatura homologada pela UDN ainda em 8 de novembro de 1964.

As cassações continuaram, superando 3.500 nomes em 1964, entre os quais o ex-presidente Juscelino Kubitschek, que se exilou em Paris.

Em seguida, Castelo Branco baixou o AI-2, o que era um simples movimento militar passou a se constituir num regime, evoluindo para uma linha dura no comando do general Costa e Silva em 1967.

Constituição de 1967

Em 24 de janeiro de 1967, é mandada publicar e imposta a nova Constituição ao Brasil, institucionalizando de fato e de direito a ditadura, aumentando o poder do Presidente da República ainda mais, pois teria a possibilidade de publicar e mandar cumprir emendas constitucionais sem consultar a sociedade civil. Ela reduziu os poderes e prerrogativas do Congresso Nacional, ficando o poder judiciário submisso ao executivo. Em 9 de Fevereiro de 1967 é sancionada a nova Lei de Imprensa, impondo a censura prévia com agentes presentes em todas as redações, emissoras de rádio e televisão.

A Lei de Segurança Nacional

No dia 3 de Março de 1967 é mandada cumprir a primeira Lei de Segurança Nacional do regime militar. O crime de opinião, o crime político, o crime de subversão, o enquadramento de qualquer cidadão à Lei de Segurança Nacional, sua expulsão do Brasil e a vigilância de seus familiares, bem como a indisponibilidade dos seus bens, estavam agora institucionalizados e eram legais.

Com a nova constituição promulgada em 24 de Janeiro de 1967, Castelo Branco faz a ditadura militar ser legalizada e a implantação do estado de exceção passa a ser constitucional.

Eleições de 1965

A lei eleitoral de 15 de julho de 1965 proibia a reeleição, assim, Magalhães Pinto e Carlos Lacerda, não concorreram, ficando apenas apoiando seus candidatos da UDN. No entanto, em Minas Gerais venceu Israel Pinheiro, do PSD e no Rio de Janeiro, Francisco Negrão de Lima, do PTB, o que foi visto como alarmante pelos setores "linha dura" do governo militar que se mobilizaram em alterar mais uma vez a constituição para garantir a vitória dos políticos de situação.

No dia 6 de outubro, o Presidente da República encaminhou ao Congresso Nacional medidas para endurecer o regime, atribuindo ao governo militar mais poderes, restringindo a liberdade de expressão e ação dos cassados, controlar o Supremo Tribunal Federal, acabar com o foro especial para os que exerceram mandato executivo e estabelecendo eleições indiretas para Presidente da República.

No dia 8 de outubro, Lacerda, na televisão, chama Castelo Branco de traidor da revolução, rompe com o governo e renuncia à sua candidatura.

A morte de Castelo Branco

No dia 18 de Julho de 1967, Castelo Branco sai da casa da escritora Rachel de Queiroz, em Quixadá, no Ceará, e insiste que não quer carona em um avião do governo estadual até Fortaleza. "Não sou mais presidente, preferia ir de trem", diz o ex-presidente. Perto do pouso, no município de Mondubim, um caça militar T-33 (que estava em treinamento), pertencente à FAB (Força Aérea Brasileira) e que era pilotado pelo capitão Malan, filho de seu amigo Gal. Alfredo Souto Malan, atingiu a cauda do avião que transportava Castelo, desgovernou-se e caiu, matando o ex-presidente 125 dias depois de sair da presidência. Humberto de Alencar Castelo Branco morre aos 66 anos, e deixa um acervo de três mil documentos escritos, incluindo cartas pessoais e manuscritos revelados.

Costa e Silva

No dia 15 de Março de 1967, o marechal Artur Costa e Silva é empossado no cargo de Presidente da República, tendo como vice Pedro Aleixo. Com sua posse começa a vigorar a Constituição de 1967. O Presidente deixa o cargo no dia 31 de Agosto de 1969.

No início de seu governo os protestos estavam disseminados por todo o Brasil, o que provocou o recrudescimento do Estado. Na mesma proporção, a oposição, que em muitos casos já estava na clandestinidade havia algum tempo, começou a radicalizar suas ações com assaltos a bancos, ataques a soldados para roubo de armas e seqüestros de líderes militares.

A violência começa a fazer suas vítimas, cada lado culpa o outro, porém a intolerância e as desavenças eram comuns, as patrulhas ideológicas agiam nas escolas, clubes e sindicatos, começam a ocorrer brigas entre grupos antagônicos, comunistas de um lado e apoiadores do regime militar de outro.

No governo estavam oficiais da linha dura, e as ruas eram dominadas pelas greves dos operários e movimentos estudantis. Neste clima se iniciou a controvertida batalha entre o Estado e os manifestantes, que reivindicavam o fim do regime. Como conseqüência, as liberdades individuais foram suprimidas e a Nação definitivamente entrou em um processo de radicalização entre os militares e a oposição, que gerou o gradual fechamento do regime, até culminar com o AI-5.

1968 - Reações ao regime

Em julho ocorreu a primeira greve do governo militar, em Osasco. A linha dura, representada entre outros por Aurélio de Lira Tavares, ministro do exército e Emílio Garrastazu Médici, chefe do SNI começou a exigir medidas mais repressivas e combate às idéias consideradas subversivas.

A repressão se intensificou e em 30 de agosto a Universidade Federal de Minas foi fechada e a Universidade de Brasília invadida pela polícia.

Em 2 de setembro, o deputado Márcio Moreira Alves, do MDB, pronunciou discurso na Câmara convocando o povo a um boicote ao militarismo e a não participar dos festejos de Independência do Brasil em 7 de setembro como forma de protesto. O discurso foi considerado como ofensivo pelos militares e o governo encaminhou ao congresso pedido para processar deputado Márcio Moreira Alves, o que foi rejeitado na Câmara por 75 votos.

O AI-5 e o fechamento do regime militar

Para enfrentar a crise Costa e Silva editou, em 13 de dezembro de 1968, o AI-5 que permitia ao governo decretar o recesso legislativo e intervir nos estados sem as limitações da constituição, a cassar mandatos eletivos, decretar confisco dos bens "de todos quantos tenham enriquecido ilicitamente" e suspender por 10 anos os direitos políticos de qualquer cidadão. Muito caracterizam o AI-5 como uma forma de Terrorismo de Estado. Ou seja, apertou ainda mais o regime. O AC 38 decretou o recesso do Congresso por tempo indeterminado.

Pelo disposto no ato, os militares tinham o direito de decretar o recesso do Congresso, das Assembléias Legislativas e Câmaras Municipais a qualquer momento. A censura dos meios de comunicação, da expressão intelectual e artística estavam agora extremamente eficientes, tendo sido retirada toda a estabilidade e independência do Poder Judiciário, pois o Executivo poderia mandar suspender habeas-corpus sob a acusação de crime político contra qualquer cidadão em qualquer momento. A cassação de direitos políticos, agora descentralizada, poderia ser decretada com extrema rapidez e sem burocracia, o direito de defesa ampla ao acusado foi eliminado, suspeitos poderiam ter sua prisão decretada imediatamente, sem necessidade de ordem judicial, os direitos políticos do cidadão comum foram cancelados e os direitos individuais foram eliminados pela instituição do desacato à autoridade. Os militares assumiram definitivamente que não estavam dispostos a ser um poder moderador e sim uma ditadura, colocaram a engrenagem para rodar as teses da ESG, o desenvolvimentismo imposto à sociedade.

Foram presos jornalistas e políticos que haviam se manifestado contra o regime, entre eles o ex-presidente Juscelino Kubitschek, e ex-governador Carlos Lacerda, além de deputados estaduais e federais do MDB e mesmo da ARENA.

Lacerda foi preso e conduzido ao Regimento Marechal Caetano de Farias, da Polícia Militar do Estado da Guanabara, sendo libertado por estar com a saúde debilitada, após uma semana fazendo greve de fome.

No dia 30 de dezembro de 1968 foi divulgada uma lista de políticos cassados: 11 deputados federais, entre os quais Márcio Moreira Alves. Carlos Lacerda teve os direitos políticos suspensos. No dia seguinte, o presidente Costa e Silva falou em rede de rádio e tv, afirmando que o AI-5 havia sido não a melhor, mas a única solução e que havia salvo a democracia e estabelecido a volta às origens do regime.

No início de 1969 Lacerda viajou para a Europa e, em maio, seguiu para a África como enviado especial de O Estado de São Paulo e do Jornal da Tarde.

Em 16 de janeiro de 1969 foi divulgada nova lista de 43 cassados com 35 deputados, 2 senadores e 1 ministro do STF, Peri Constant Bevilacqua.Inserir texto não-formatado aqui

O regime militar estava se tornando uma ditadura mais e mais violenta, a imprensa da época (Folha de São Paulo) veladamente afirmava que o AI-5 foi o “golpe dentro do golpe”, expressão esta que acabou virando chavão entre a população.

O AI-5 se transformou num instrumento para o aumento da violência, da falta de limites. Em Setembro de 1969, iniciou-se uma página negra para a História do Brasil, as violentas torturas e assassinatos pelo governo, desencadeando as ações de seqüestros e assaltos pelos revolucionários.

Com a captura do embaixador norte-americano para troca de quinze presos políticos, também começou a caça às bruxas, onde qualquer cidadão poderia ser torturado nos porões da ditadura sob acusação de terrorismo, bastava desconfiar, bastava algum vizinho desafeto denunciar outro.

As famílias dos presos, mortos e desaparecidos nos anos de chumbo foram indenizadas pelo governo brasileiro na década de noventa.

[editar] A Emenda Constitucional

No dia 17 de outubro, foi promulgada pela junta militar a Emenda Constitucional nº 1, incorporando dispositivos do AI-5 à constituição, estabelecendo o que ficou conhecido como Constituição de 1969.

Em 25 de outubro, Médici e Rademaker foram eleitos pelo Congresso por 293 votos, havendo 76 abstenções, correspondentes à bancada do MDB. O novo presidente tomou posse no dia 30 de novembro.

A censura

A censura, executada pelo CONTEL,[2] comandado pelo SNI e pelo DOPS, proibiu toda e qualquer exibição em território nacional de filmes, reportagens, fotos, transmissão de rádio e televisão, que mostrassem tumultos em que se envolvessem estudantes.

A manifestação do Governador Negrão de Lima

O governador Negrão de Lima, conforme informado em toda a imprensa nacional da época, sempre cercado por 100 soldados da PM, acompanhou, através de informações, todos os movimentos executados pelos órgãos de repressão, declarando-se satisfeito com os rumos da revolução, mais uma vez vitoriosa contra o comunismo.

Os protestos e confrontos

Em 29 de Março de 1968, houve um protesto de 50 mil pessoas no centro do Rio.

Em junho, uma multidão calculada em 100 mil pessoas realizou durante mais de sete horas uma passeata de mães, padres, estudantes, artistas e intelectuais pela liberdade dos detidos pela Polícia, pelo ensino superior gratuito e contra as Fundações.

Foram 100 mil cidadãos a protestar, o movimento estudantil, setores da Igreja Católica e grupos de senhoras, que anteriormente haviam incentivado A Marcha da Família com Deus pela Liberdade, A Marcha da Vitória, promoveram a passeata,a segunda maior mobilização do período contra o regime ditatorial até então, perdendo somente para o comício da Praça da Sé, em São Paulo.

Segundo a imprensa, o movimento não registrou qualquer distúrbio, começou com uma concentração na Cinelândia, às dez horas e trinta minutos, seguiu pelo Largo da Candelária às 15 horas onde se deteve por 45 minutos para um comício, em seguida, rumou pela rua Uruguaiana até a estátua de Tiradentes, na Praça Quinze, onde encerrou às 17 horas.

Agentes do DOPS e do SNI acompanharam todo o movimento, filmando e fotografando a maior quantidade possível de manifestantes, principalmente os líderes.

O DOPS prendeu cinco estudantes que distribuíam panfletos, um policial que incitava o apedrejamento do prédio do Conselho de Segurança Nacional também foi preso; uma vez constatada sua função, foi solto em seguida. Com entusiasmo, do alto dos edifícios chovia papel picado sobre os manifestantes.

O espancamento dos artistas


No dia 18 de Julho de 1968 integrantes do Comando de Caça aos Comunistas (CCC), grupo de extrema direita, invadem o Teatro Ruth Escobar, em São Paulo, espancam o elenco da peça Roda Viva [3], ferindo todos os integrantes, alguns com certa gravidade; a polícia, embora chamada, nada fez além de um boletim de ocorrência.

A morte do estudante José Guimarães e o CCC


Em 2 de Outubro de 1968, os estudantes da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo (USP) entram em conflito ideológico cos estudantes da Universidade Mackenzie.

A briga, inicialmente verbal, acaba com atos de violência de ambas as partes, muitos saem feridos, alguns gravemente, e o estudante José Guimarães morre, a faculdade da USP é fechada e depois transferida para a Cidade Universitária pelos militares. O estudante de 20 anos foi morto no dia 3 de outubro de 1968 na Rua Maria Antônia no Centro de São Paulo.

Confrontos de rua entre estudantes de esquerda (USP) e direita (Mackenzie) eram comuns, havia sempre pedradas, bombas caseiras, coquetéis Molotov e, quase sempre ouviam-se tiros em meio à multidão. Um desses tiros, de pistola Colt calibre 45, atingiu a cabeça de José Guimarães. O então governador de São Paulo Abreu Sodré informou à imprensa e aos estudantes horário e endereço errados do enterro e a divulgação do conflito de rua foi censurada.

O atentado ao Gasômetro: O caso Pára-SAR

No contexto da oposição aos comunistas e esquerdistas em geral, o regime militar brasileiro planejou várias ações com o intuito de incriminar setores de oposição por atentados e ataques: o mais conhecido desses foi o caso Pára-SAR, ou Atentado ao Gasômetro.

Em 1968, o brigadeiro João Paulo Burnier, que era na época chefe de gabinete do ministro Márcio Melo, planejou explodir o gasômetro do Rio de Janeiro com o auxílio do Pára-SAR, um esquadrão da Força Aérea Brasileira empregado para salvamentos em local de difícil acesso. O objetivo era matar milhares de pessoas e divulgar um comunicado oficial colocando a culpa em "subversivos", aumentando o apoio ao governo.

O projeto foi levado adiante com grande segredo. Confiou-se a missão ao capitão-aviador Sérgio Miranda de Carvalho, que no entanto negou-se a cumprir a missão e ameaçou denunciar Burnier caso tentasse levar o plano adiante com outro oficial.

Sérgio foi declarado louco e afastado da Aeronáutica em 1969. O caso continuou abafado até 1978, quando o brigadeiro Eduardo Gomes fez uma declaração defendendo o seu colega, confirmando o projeto de explosão de gasômetros e destruição de instalações elétricas para criar pânico na população, revelando o caso para o conhecimento público[4].

A censura ganha mais força

Em 22 de novembro de 1968, foi criado o Conselho Superior de Censura, baseado no modelo norte-americano de 1939, Lei da Censura (5.536, 21 de novembro de 1968). O motivo oficialmente propalado era a infiltração de agentes comunistas nos meios de comunicação, lançando notícias falsas de tortura e desmandos do poder constituído.

O cancelamento das eleições nas capitais

Em abril, no dia 17, Costa e Silva manda transformar todas as capitais dos Estados do Brasil e sessenta e oito municípios em áreas de segurança nacional, desta forma foram canceladas as eleições municipais, cujos prefeitos seriam nomeados pelo presidente.

A ocupação da Universidade de Brasília

Em Setembro, a Polícia Militar ocupou a Universidade de Brasília novamente, o então deputado do MDB, Márcio Moreira Alves, do Rio de Janeiro, sugeriu que em resposta à repressão militar a população boicotasse o desfile de 7 de setembro de 1968, e as moças não namorassem oficiais enquanto estes não denunciassem a violência.

A invasão da UNE

Em Ibiúna, São Paulo, realizou-se em 12 de outubro de 1968 o trigésimo congresso da UNE. A polícia invade a reunião e prende 1240 estudantes, muitos são feridos, alguns gravemente; quando levados para a prisão são torturados e muitas moças abusadas sexualmente pelos policiais. Aqueles que tentam protestar contra a violência são espancados e humilhados publicamente, os familiares que tentam entrar com habeas-corpus são fichados pelo SNI e ameaçados pelas forças de segurança. Alguns pais, por serem funcionários de instituições públicas, perdem seus empregos e são perseguidos pelas forças de repressão; alguns repórteres que presenciaram os espancamentos têm seus equipamentos destruídos pelos policiais, sendo dada ordem para nada ser publicado ou divulgado pelos meios de comunicação.

Criação do Conselho Superior de Censura

Em função dos acontecimentos que estão por atropelar a história, é criado no dia 22 de novembro de 1968 o Conselho Superior de Censura, cuja função é centralizar e coordenar as ações dos escritórios de censura espalhados pelo país. Começa a haver vazamentos de dados e informações para órgãos de direitos humanos internacionais, sendo portanto urgente a interrupção de toda e qualquer informação de eventos que possam ocasionar algum tipo de protesto da opinião pública internacional e o espalhamento de notícias indesejáveis em território nacional.

Também são criados tribunais de censura, com a finalidade de julgar rapidamente órgãos de comunicações que porventura burlem a ordem estabelecida, com seu fechamento e lacramento imediato em caso de necessidade institucional.

A prisão de Gilberto Gil e Caetano Veloso

Após protestarem publicamente contra a ditadura, os cantores Caetano Veloso e Gilberto Gil foram presos no Rio de Janeiro no dia 22 de Dezembro de 1968. Segundo os censores e os órgãos de informação oficial, o motivo da prisão é "tentativa da quebra do direito e da ordem institucional", com mensagens "objetivas e subjetivas à população" para subverter o Estado Democrático Brasileiro estabelecido pela revolução; em função da notoriedade dos artistas, são aconselhados a se exilarem do país. No jornal Estado de São Paulo, embaixo do título da notícia, aparece uma receita de torta de abacaxi recheada com pepino. No dia 16 de janeiro de 1969, são apanhados Mário Covas e mais 42 deputados, são estourados diversos aparelhos comunistas. Segundo informado pelas forças de repressão, infelizmente devido à sua reação armada às forças de segurança, os "terroristas" não sobrevivem.

No dia 25 de janeiro de 1969, Carlos Lamarca, capitão do Exército Brasileiro, foge do quarto Regimento de Infantaria, levando consigo dez metralhadoras INA ponto quarenta e cinco, e sessenta e três fuzis automáticos leves Fal; esta fuga se torna ponto de honra para as forças armadas acabar de uma vez por todas com a resistência armada no Brasil. Os comunistas passaram a ser perseguidos e mortos implacavelmente pelos esquadrões da morte, implantados e funcionais em todo o país. Em função disto, e para deixar a repressão com maior eficiência, no dia 1 de julho de 1969, o governador de São Paulo, Abreu Sodré, cria a Oban, (Operação Bandeirantes), para reprimir e perseguir no estado todos aqueles que se opõem à ditadura.

Costa e Silva é afastado

No dia 28 de Agosto de 1969, o presidente Costa e Silva é acometido por trombose grave. Por causa da enfermidade, fica incapacitado de exercer a Presidência da República. Devido à doença, no dia 31 de Agosto de 1969 uma junta militar substituiu o Presidente da República e se confirmou no poder, para evitar que o Vice-Presidente Pedro Aleixo assumisse- formada pelos ministros do Exército (Aurélio de Lira Tavares), Força Aérea (Márcio de Sousa e Melo) e Marinha (Augusto Hamann Rademaker Grünewald) - assume o poder. No dia 1 de Setembro de 1969, o Ato Institucional Número Doze, ou AI-12, foi baixado informando à Nação brasileira o afastamento do presidente e o controle do Governo do Brasil pelos ministros militares.

O seqüestro do embaixador norte-americano

No dia 4 de Setembro de 1969, o grupo revolucionário MR-8, (Movimento Revolucionário 8 de Outubro), seqüestra o embaixador americano no Brasil, Charles Burke Elbrick. Em 5 de Setembro de 1969, é mandado cumprir o Ato Institucional Número Treze, ou AI-13, que institui o ...(sic) banimento do território nacional o brasileiro que, comprovadamente, se tornar inconveniente, nocivo ou perigoso à segurança nacional. Em 7 de Setembro de 1969 é liberado o Embaixador americano e os 15 presos políticos libertados, e em função do AI-13, são banidos para o México.

A pena de morte e a prisão perpétua são institucionalizadas

Em função dos acontecimentos que começaram a se radicalizar, aumentando os casos de seqüestro, assaltos a bancos, assassinatos de recrutas das Forças Armadas para roubo de armas e munições, no dia 18 de Setembro de 1969 os ministros militares e ministros civis que assumiram ao governo mandam aprovar nova Lei de Segurança Nacional, que institucionalizou a pena de morte e a prisão perpétua em território brasileiro.

O Ato Institucional Número Dezesseis

O Ato Institucional Número Dezesseis, ou AI-16, foi baixado pela junta militar que assumiu o Poder Executivo em 14 de outubro de 1969. Em virtude da enfermidade de Costa e Silva ter se agravado, a junta que assumiu o substituiu, deixando vagos o cargo de Presidente da República e Vice-Presidente. A chefia do Poder Executivo continuou a ser exercida pelos Ministros militares, sendo marcada a eleição para o dia 25 de outubro de 1969 e a posse para o dia trinta com duração até o dia 15 de março de 1974. Ainda o mesmo ato institucional delegou plenos poderes aos militares até o final do prazo estipulado, prorrogando o mandato de Senadores e Deputados até 31 de março de 1970.

Médici

Emílio Garrastazu Médici

No dia 30 de Outubro de 1969, o general Emílio Garrastazu Médici assumiu a Presidência da República, sendo o terceiro general a ocupar o cargo; inicialmente consolidou a comunidade de informações, interligando todos os escritórios ligados ao SNI. Segundo a imprensa, o combate às esquerdas se intensificou com o início da guerra suja, que, de acordo com a versão oficial do governo, foi iniciada por terroristas comunistas. A repressão aos movimentos de esquerda se intensificou, todos os aparelhos de estado estavam interligados e funcionando a plena potência, os sistemas de vigilância também estavam coordenados e liderados por profissionais treinados nos Estados Unidos. A represão se utilizou de mecanismos como o DOI-CODI.

A expressão "Anos de chumbo", usada pela Imprensa, é uma paráfrase do título em português de um filme da cineasta alemã Margarethe Von Trotta (chamado "Die Bleierne Zeit") sobre a repressão ao grupo revolucionário Baader-Meinhof (Facção do Exército Vermelho) nos anos 70. Foram, provavelmente, os anos de maior progresso econômico da história recente do Brasil, apesar do avanço da inflação que ocasionava o aumento da pobreza e da grande desigualdade social, além do elevado grau de repressão política. Alguns, entretanto, reservam a expressão "anos de chumbo" especificamente para o governo Médici.[5]

Dezoito milhões de eleitores brasileiros sofreram das restrições impostas por aqueles que assumiram o poder, ignorando e cancelando a validade da Constituição Brasileira, criando através de Atos Institucionais um Estado de exceção, suspendendo a democracia.


A propaganda institucional e o Poder Legislativo


Logo no início do governo começou a propagação da propaganda institucional visando à elevação do moral da população. Slogans eram fartamente distribuídos e divulgados a todo instante em todos os meios de comunicação. Músicas de apelo cívico eram divulgadas diariamente; a que mais se fixou no inconsciente coletivo foi a música intitulada Este é um país que vai pra frente. Frases de efeito também eram divulgadas e decalques distribuídos em todas as escolas infantis. Ao mesmo tempo se iniciou uma campanha nos chamados porões da ditadura, onde pessoas eram torturadas e mortas pela repressão. O presidente, certa vez, em entrevista à imprensa internacional e nacional, deixou escapar uma frase que ficou célebre: ...(sic) O Brasil vai bem, mas o Povo vai mal..., uns dizem que esta foi Delfim Neto quem proferiu, outros Médici, os registros que constam na imprensa são dos dois em datas diferentes.

Médici utilizou a propaganda institucional maciça para promover o regime, estabeleceu o Senador Filinto Müller, conhecido internacionalmente como "O carrasco que servia a Vargas", ser presidente do Congresso Nacional, e chefe do partido situacionista, a ARENA.

O Poder Legislativo passou a ser totalmente submetido ao Poder Executivo, que centralizava as decisões de Estado. A censura à imprensa e aos meios de comunicações foi acelerada com a contratação de milhares de agentes sem concursos públicos; esta foi chamada pelos funcionários públicos de carreira como a era do QI (Quem Indica).

No dia 4 de Novembro de 1969, Carlos Marighella, líder da ALN (Aliança Libertadora Nacional), foi morto a tiros, na Alameda Casa Branca, em São Paulo. Esta operação teve a participação direta do temido delegado Sérgio Paranhos Fleury, considerado um dos mais brutais torturadores deste período. Coube ao Delegado Fleury, entre outras operações, a eliminação de Carlos Lamarca.[6]

Como fica claro, vivía-se num regime de exceção, endividado e com um dos maiores abismos sociais do planeta, porém devido à manipulação ideológica por meio da censura, o regime fazia a população acreditar que o Brasil estava na direção certa do progresso.

Os EUA aceitavam e apoiavam ditaduras da direita em países nos quais acreditavam haver risco de migração para o bloco comunista, como no caso da Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Haiti, Peru, Paraguai, Uruguai, etc.

Os anos de chumbo foram o período mais repressivo da ditadura militar no Brasil, estendendo-se basicamente do fim de 1968, com a edição do AI-5 em dezembro daquele ano, até o final do governo Médici, em março de 1974.

O milagre brasileiro durante o regime militar

Os regimes militares acompanham a história do Brasil desde a Proclamação da República, porém, sempre mais moderados. Este último estava disposto a desenvolver o Brasil a qualquer custo, pois segundo sua doutrina, o Brasil tinha pressa em crescer. Iniciou-se uma época de crescimento econômico espetacular, chamado pelo governo de Milagre brasileiro, programas televisivos como Amaral Neto, o Repórter, da Globo, Flávio Cavalcanti, Manchete, e publicações como, Índice- o banco de dados, BRASIL em dados , Manchete 1971, mostravam imensas obras de engenharia, um país realmente em crescimento exponencial, era a época do Brasil Grande, Milagre Brasileiro ou o Milagre Econômico.

Foram feitas grandes obras, como a rodovia Transamazônica e a ponte Rio-Niterói.

Garrastazu Médici em seu governo incentivou uma euforia desenvolvimentista. O regime militar passou a ser mostrado nos meios de comunicações como um veículo de ordem e progresso. Não faltaram oportunidades para demonstrar ao mundo o crescimento exponencial do país, incentivando a entrada de capital volátil externo, por empréstimos e investimentos no mercado monetário.

Com a falta de resistência da sociedade civil e o crescimento virtual, mostrado pelos meios de comunicação através da propaganda institucional, os militares começaram a criar um clima de desenvolvimento artificial e uma euforia desenvolvimentista. Os empréstimos estavam se avolumando, a dívida externa do Brasil já estava na casa da primeira centena de bilhões de dólares, ou muito próximo disso. Exemplificando o que houve: imaginemos que alguém nos ofereça dinheiro barato e fácil, nos diga para comprar o que nos der vontade, o quanto quisermos, crédito sem limite... mas, no contrato, os juros não são fixos, porém, variáveis de acordo com a economia mundial; iniciou assim a espiral da dívida externa em progressão geométrica, cujo crescimento é exponencial. Com a agiotagem internacional, as obras faraônicas (assim chamadas pela imprensa) executadas pelos grandes empreiteiros, iniciaram um processo de endividamento contínuo. Economista da época, o Ministro da Economia Delfim Neto, em entrevista para a imprensa nacional e internacional afirmou que ...(sic)dívida externa, não se paga, se rola. Com esta filosofia a espiral começou sua lenta e inexorável aceleração, a duração do milagre brasileiro era questão de tempo, bastaria a menor variação no câmbio ou na economia mundial para fazê-lo desabar. Repetindo Maquiavel em sua conclusão sobre as ditaduras e seu colapso, ...(sic) este é o regime que tem menor duração, e de todos, é o que tem o pior final..., e, ...(sic) a queda das "ditaduras" se deve às desventuras imprevisíveis da sorte...


O regime, os revolucionários de esquerda, a censura

Médici com a ajuda de grupos radicais de direita como o C.C.C.(Comando de Caça aos Comunistas) e Aliança Anticomunista Brasileira, derrotou e destruiu qualquer possibilidade de reação da esquerda, pois tinha a opinião pública nacional e mundial a seu favor devido ao milagre econômico, à propaganda institucional e o financiamento externo para a manutenção da ditadura. Os meios de comunicação demonstravam que o caminho seguido pelo regime era o correto, havia a censura que impedia a visão dos problemas brasileiros. O rádio, a televisão e os jornais, só mostravam notícias e pontos positivos.

Ufanismo

O ufanismo é uma expressão utilizada no Brasil em alusão a uma obra escrita pelo conde Afonso Celso cujo título é Por que me ufano pelo meu país. O adjetivo ufano provém da língua espanhola e significa a vanglória de um grupo arrogando a si méritos extraordinários. Para a população, o regime militar de 1964 estava sendo bem sucedido. Nas escolas, havia censores em salas de aula, professores que discordassem do regime, eram sumariamente presos e interrogados, muitos, demitidos, alguns torturados e mortos, outros desaparecidos. Foi nesta época que apareceram os slogans:

  • “Brasil, Ame-o, ou deixe-o”
  • “Este é um País que vai para frente”

O governo passou a usar de propaganda para conseguir a simpatia do povo e induzi-los a uma sensação de otimismo generalizado, visando esconder os problemas do regime militar. O futebol também foi usado com objetivos ufanísticos.

O presidente Médici, gaúcho, exigiu a convocação de Dadá Maravilha, do Atlético Mineiro. Foi co-autor da música "Pra Frente Brasil". Influenciou decisivamente na demissão de João Saldanha às vésperas da copa e criou financiamentos para compra de televisões.

Os militantes de esquerda passaram a fazer alusões a Marx, citando que "o futebol é o ópio do povo". A preocupação com o futebol era tanta que a comissão técnica e diretoria da CBD eram dadas a militares. Na copa do Mundo de 1974, o presidente da CBD era o Almirante Heleno Nunes, enquanto o preparador físico era o capitão Cláudio Coutinho, depois elevado a técnico na copa do mundo de 1978, que aliás o Brasil perdeu, deixando de disputar a final porque, segundo dizem alguns, o governo militar da Argentina teria atuado nos bastidores, fazendo com que o Peru perdesse um jogo por 6x0.

Pelé se recusou a participar da copa de 1974 por discordar do uso político da seleção brasileira pelos militares.

Foi criado o campeonato brasileiro de futebol em 1971. Novamente houve uso político, com o governo influenciando a CBD para incluir times de algumas cidades a pedido de políticos. O povo logo criou o bordão "Onde a ARENA vai mal, mais um no nacional!"

Conseqüências

O ufanismo generalizado pelo regime militar acabou tendo conseqüências gravíssimas para a cultura nacional. Como o governo passou a associar tudo que era bom do Brasil ao regime militar, o povo passou a imediatamente rejeitar tudo que era nacional. Além disso, a entrada dos produtos norte-americanos, e lançamentos de modismos entre os jovens, fizeram que após a abertura política, as rádios fossem invadidas com músicas estrangeiras, o cinema nacional começou a decair e dos currículos escolares foram retiradas as disciplinas EMC (Educação Moral e Cívica) nas escolas primária e ginasial (depois da reforma do ensino chamadas de primeiro grau) e OSPB (Organização Social e Política Brasileira) nas escolas de ensino científico, ou segundo grau após a reforma, vistas como marcas da ditadura.

Geisel

General Ernesto Geisel.

Em 1974, o General Ernesto Geisel assumiu a Presidência do Brasil, a dívida externa já existente estava iniciando sua lenta aceleração de crescimento exponencial.

Segundo analistas econômicos, o crescimento da dívida externa, mais a alta dos juros internacionais, associadas à alta dos preços do petróleo após a Guerra do Yom Kipur no Oriente Médio, somaram-se e desequilibraram o balanço de pagamentos brasileiro. Conseqüentemente houve o aumento da inflação e da dívida interna.

Com estes fatores, o crescimento econômico que era baseado no endividamento externo, começou a ficar cada vez mais caro para a Nação brasileira. Apesar dos sinais de crise, o ciclo de expansão econômica iniciado em meados de 1969 não foi interrompido. Os incentivos à projetos e programas oficiais permaneceram, as grandes obras continuaram alimentadas pelo crescimento do endividamento, como a Ponte Rio-Niterói, necessária para a fusão dos estados do Rio de Janeiro e da Guanabara que se deu em 1975, a Transamazônica e as grandes hidrelétricas (Tucuruí, Itaipu, etc).

A chegada de Jimmy Carter à Casa Branca em 1977 também dificultou a sustentabilidade político-econômica da ditadura militar brasileira, visto que Carter foi o primeiro presidente desde o assassinato de John Kennedy em 1963 que não deu pleno apoio norte-americano a regimes anti-comunistas autoritários na América Latina.

Com a crise econômica veio a crise política, nas fábricas, comércio e repartições públicas o povo começou um lento e gradual descontentamento. Iniciou-se uma crise silenciosa onde todos reclamavam do governo (em voz baixa) e de suas atitudes. Apesar da censura e das manipulações executadas pela máquina estatal numa tentativa de manter o moral da população, a onda de descontentamento crescia inclusive dentro dos quadros das próprias Forças Armadas, pois os militares de baixo escalão sentiam na mesa de suas casas a alta da inflação.

Abertura política

Com o tempo, vendo que o país estava indo para uma inflação desencadeada pela falta de incentivos aos insumos básicos os militares liderados por Geisel, resolveram iniciar um movimento de distensão para abertura política institucional, lenta, gradual e segura[7], segundo suas próprias palavras. Este movimento acabaria por reconduzir o país de volta à normalidade democrática.

O Pacote de Abril é baixado por Geisel em um movimento aparentemente contraditório com a abertura política defendida por ele.

Manobras contra a distensão

Sílvio Frota general da chamada “linha dura” é expurgado do governo com a sua exoneração do Ministério do Exército, pois estava articulando manobras contra a distensão. A demissão de Frota do cargo de Ministro do Exército por Geisel simbolizou o retorno da autoridade do Presidente da República sobre os ministros militares, em especial do Exército. Esta lógica esteve invertida desde o Golpe de 64 com diversos ministros militares definindo questões centrais do país tais como a sucessão presidencial. Foi um passo importante no processo de abertura política com posterior democratização do país e retorno dos civis ao poder.

Em 1978, novas regras são impostas à sociedade brasileira. Novamente é aumentado o arrocho contra as liberdades individuais e coletivas da população, alguns setores produtivos são postos sob a “Lei de Segurança Nacional”, sob a desculpa de serem de importância estratégica para o país. São proibidas as greves nos setores petrolífero, energético e de telecomunicações. A sociedade responde com mais descontentamento ainda.

Em 23 de agosto o MDB indica o General Euler Bentes Ribeiro e o senador Paulo Brossard como candidatos a presidente e vice.

No dia 15 de outubro, o Colégio Eleitoral elege o general João Baptista de Oliveira Figueiredo, candidato apoiado pelo então presidente Geisel, para presidente, com 355 votos, contra 266 do general Euler Bentes.

Em 17 de outubro de 1978, a Emenda Constitucional nº 11 revogou o AI 5.

Lei de segurança nacional

Em 29 de dezembro de 1978, é sancionada a nova lei de segurança nacional, que prevê penas mais brandas, possibilitando a redução das penas dos condenados pelo regime militar. Decreto possibilita o retorno de banidos pelo regime.

Figueiredo

General Figueiredo.

Com a posse de João Baptista de Oliveira Figueiredo e a crise econômica mundial aumentando aceleradamente, a quebra da economia de muitos países, inclusive do Brasil se iniciou. As famosas medidas “heterodoxas” impostas por Delfim Netto e pelo banqueiro ministro Mário Henrique Simonsen na economia, vieram a agravar ainda mais a situação monetária do país, fazendo o PIB despencar 2,5% em 1983. Durante esse período ocorreu no Brasil um fenômeno inédito na história da economia mundial conhecido como estagflação. A política econômica do Governo Figueiredo também é lembrada pela ciranda financeira ou over night. Figueiredo é responsávél pela abertura democrática do regime com medidas como o fim do bipartidarismo, a anistia recíproca e decretando eleições diretas para Governadores dos Estados em 1982.

O fim do regime militar

O final do regime militar de 1964 culminou com a hiperinflação, e grande parte das obras paralisadas pelos sertões do Brasil. Devido ao sistema de medição e pagamento estatal, as empreiteiras abandonaram as construções, máquinas equipamentos e edificações.

Em 8 de maio de 1985, o congresso nacional aprovou emenda constitucional que acabava com os últimos vestígios da ditadura. Algumas das medidas aprovadas:

  • Por 458 votos na câmara e 62 no senado foi aprovada a eleição direta para presidente (mas em dois turnos);
  • Com apenas 32 votos contra na câmara e 2 no senado, foi aprovado o direito ao voto para os analfabetos;
  • Os partidos comunistas deixaram de ser proibidos;
  • Os prefeitos de capitais, estâncias hidrominerais e municípios considerados de segurança nacional voltariam a ser eleitos diretamente;
  • O Distrito Federal passou a ser representado no Congresso Nacional por três senadores e oito deputados federais.
  • Acabou com a fidelidade partidária;

Finalmente em 28 de junho, Sarney enviou a emenda constitucional que convocava a Assembléia Nacional constituinte, que foi aprovada em 22 de novembro (Emenda Constitucional 26). Na verdade, por uma conveniência política, a Constituinte seria composta pelos mesmos deputados legisladores.

Eleita em 15 de novembro de 1986 e empossada em 1 de fevereiro de 1987, a constituinte funcionou até 5 de outubro de 1988 quando foi promulgada a Constituição.

Após o golpe de 1964

Logo após o golpe de 1964, em seus primeiros 4 anos, a ditadura foi endurecendo e fechando o regime aos poucos. O período compreendido entre 1968 até 1975 foi determinante para a nomenclatura histórica conhecida como "anos de chumbo".

Dezoito milhões de eleitores brasileiros sofreram das restrições impostas por seguidos Atos Institucionais que ignoravam e cancelavam a validade da Constituição Brasileira, criando um Estado de exceção, suspendendo a democracia.

Querendo impor um modelo sócio, político e econômico para o Brasil, a ditadura militar no entanto tentou forjar um ambiente democrático, e não se destacou por um governante definido ou personalista. Durante sua vigência, a ditadura militar não era oficialmente conhecida por este nome, mas pelo nome de "Revolução" - os golpistas de 1964 sempre denominaram assim seu feito - e seus governos eram considerados "revolucionários". A visão crítica do regime só começou a ser permitida a partir de 1974, quando o general Ernesto Geisel determinou a abertura lenta e gradual da vida sócio-política do país.

Guerra fria

De cima para baixo e da esquerda para a direita: Presidente norte-americano John F. Kennedy e secretário geral do Partido Comunista da União Soviética Nikita Khrushchov em Viena, Áustria; Sputnik I em órbita; soldados alemães patrulhando o Muro de Berlim; soldados estadunidense pousando em solo vietnamita; teste da primeira bomba nuclear soviética.

A origem da Guerra Fria remonta da rivalidade entre os Estados Unidos e a União Soviética ocorrida em meados da Segunda Guerra Mundial.

Embora muitos afirmem existirem raízes mais profundas provindas do início do século XX, a partir do fim da década de 1940 as desavenças entre os dois blocos acirrou-se, pois, ambos afirmavam que os seus sistemas eram os vencedores da guerra que varreu o planeta na época.

É sabido que devidos esforços de guerra, acabaram por surgir as duas superpotências militares, que seguiam ideologias antagônicas, acirrando ainda mais as desavenças em todos os campos do conhecimento, da tecnologia e da cultura.

Os comunistas, através de um sistema socialista autoritário, detinham o poder do bloco através de sistemas ditatoriais, os capitalistas mantinham o poder através do controle econômico, cuja estrutura também financiava ditaduras de direita, que também eram sistemas autoritários.

Na América Latina não eram raros os governos dirigidos por caudilhos que poderiam pender para o bloco que bem lhes conviesse. Neste panorama, todos se diziam democratas.

Desta forma, o mundo estava em plena guerra fria, a maioria dos países ocidentais se diziam democráticos e afirmavam manter a livre expressão.

Dizem alguns que existiam algumas exceções às liberdades democráticas como as ditaduras na América Latina. É sabido porém, que os Estados Unidos aceitavam, financiavam e apoiavam ditaduras da direita em países nos quais acreditavam haver risco de migração para o bloco comunista, como no caso da Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Haiti, Peru, Paraguai, Uruguai etc.

Lista dos principais movimentos de direita e esquerda

A esquerda
Organizações de luta contra o regime militar e pela instalação do regime comunista (inclusive surgidas após o golpe)
A direita


Os militares

Segundo o tenente-coronel de Infantaria e Estado-Maior do Exército Brasileiro Manuel Soriano Neto, em palestra comemorativa proferida na AMAN em 12 de setembro de 1985, em homenagem ao centenário do marechal José Pessoa:

"Com as desavenças que grassavam na corrente outubrista, o tenentismo vem a se desintegrar. Tal fato se dá após a Revolução de 1932, mormente durante o ano de 1933, quando se formava a Assembléia Nacional Constituinte. Parcelas das Forças Armadas se desgarraram para a esquerda e para a direita, incorporando-se à Aliança Nacional Libertadora e à Ação Integralista Brasileira, que apregoavam ideologias importadas, não condizentes com a idiossincrasia de nosso povo."

Portanto, dentro das forças armadas brasileiras, existia uma grave cisão interna de ordem ideológica e, ainda havia outra divisão entre os moderados e a linha dura.

Porém havia também o sentimento patriótico autêntico que manteve ocultas da população todas as desavenças internas.

Os grupos concorrentes entre si defendiam pontos de vistas diferentes:

  • Um grupo defendia medidas rápidas diretas e concretas contra os chamados subversivos, ou inimigos internos, estes militares apoiavam sua permanência no poder pelo maior tempo possível.
  • Ao contrário do grupo anterior, o segundo era formado por militares que tinham por doutrina a tradição de intervenções moderadoras. Estes procuravam permanecer no poder somente o tempo necessário até se formar um governo aceito pelo grupo a exemplo de 1930, 1945 e 1954. Quando passado o período de maior risco institucional houve o rápido retorno do poder para os civis.

As salvaguardas e a doutrina da segurança nacional

Para os dois grupos era necessário salvaguardar o Brasil contra o poder do comunismo internacional (além do anti-getulismo, leia-se populismo).

Segundo a doutrina dos militares, o inimigo devia ser extirpado a todo custo e os governos populistas seriam uma porta de entrada para a desordem, subversão e propiciariam a entrada de ideologias nocivas à nação.

As facções contrárias internamente nas forças armadas acabaram se unindo apesar da não concordância metodológica. Desta forma, os militares mais radicais se aglutinaram ao general Costa e Silva, e os mais estratégicos ao general Humberto de Alencar Castelo Branco.

Muitos militares da época afirmam que se a orientação filosófico-ideológica das forças armadas fosse para a esquerda, estas defenderiam da mesma forma a linha de pensamento, somente o inimigo que mudaria de lado, o que importava era a segurança da Nação.

Veja também:


Aristóteles, Platão e Maquiavel

Para entender o que houve realmente durante o período ditatorial de forma imparcial, há que se verificar os dados filosóficos de grandes pensadores.

Segundo Aristóteles e Platão, "a marca da tirania é a ilegalidade", ou seja, "a violação das leis e regras pré-estipuladas pela quebra da legitimidade do poder" por si já determina a tirania.

Uma vez no comando, "…(sic) o tirano revoga a legislação em vigor, sobrepondo-a com regras estabelecidas de acordo com as conveniências para a sua perpetuação deste poder".

Exemplo disso são as descrições de tiranias na Sicília e Grécia antiga, cujas características assemelham-se às ações tomadas pelas modernas ditaduras.
Ainda segundo Platão e Aristóteles, "(sic)…os tiranos são ditadores que ganham o controle social e político despótico pelo uso da força e da fraude. A intimidação, o terror e o desrespeito às liberdades civis estão entre os métodos usados para conquistar e manter o poder. A sucessão nesse estado de ilegalidade é sempre difícil".

Aristóteles atribuiu a "(sic)...vida relativamente curta das tiranias à fraqueza inerente dos sistemas que usam a força sem o apoio do direito."

Maquiavel também chegou à mesma conclusão sobre as tiranias e seu colapso, quando das sucessões dos tiranos, pois este, "…(sic) é o regime que tem menor duração, e de todos, é o que tem o pior final..." e, segundo suas palavras ..."(sic)...a queda das tiranias se deve às desventuras imprevisíveis da sorte...".

No caso das ditaduras da América Latina, as desventuras da economia as levaram à queda, apesar das tentativas dos ditadores de se manterem no poder.

O apoio da sociedade civil

Ainda na atualidade diz-se ditadura militar de 1964 a 1984. Alegam alguns autores ser uma ditadura, mas não exclusivamente militar. Pelo menos no início, diversos segmentos da sociedade, a maioria formada por civis que dominavam o Brasil havia séculos, além da classe média que era torno de 35% da população total do país, e o restante, a classe mais pobre da população, em sua maioria analfabeta funcional, manteve-se inerte e distanciada da política nacional, uns por comodismo, outros por ignorância.

Autores diversos afirmam ainda que grande parte da população formadora de opinião concordava com as medidas tomadas pelo regime. Ainda dizem que até três anos depois do golpe, a classe média estava deslumbrada por um crescimento dito virtual de seu poder aquisitivo, pois artificialmente a economia se estabilizou. Outros porém, não concordam com essa tese).

Alega-se que a economia teve um surto de crescimento movido pela entrada de capital estrangeiro no país, (período do chamado milagre brasileiro), que financiou a construção de indústrias de base e grandes obras, todas feitas por grandes empreiteiros.

Afirmam ainda que a classe média era o sustentáculo da opinião pública no período chamado Anos de chumbo.


Notas

Bibliografia

  • Bibliografia da História do Brasil
  • Anos de Chumbo Dicionário Histórico e Biográfico Brasileiro (título Revolução de 1964)
  • Anos de Chumbo, Celso de Castro (Relume-Dumará)
  • As Forças Armadas : Política e Ideologia no Brasil, Eliézer de Oliveira (Editora Vozes, 1976)
  • O Colapso do Populismo do Brasil, Octávio Ianni (Editora Civilização Brasileira)
  • Os Motivos da Revolução, C. Muricy, (Imprensa Oficial, Pernambuco)
  • O Papel dos Estados Unidos da América no Golpe de Estado de 31 de Março, Phyllis Parker (Editora Civilização Brasileira, 1977)
  • 1964, visto e Comentado pela Casa Branca, Marcos Sá Corrêa (L&PM)
  • Memórias de Um Revolucionário, Olympio Mourão (L&PM).
  • Brasil Nunca Mais, Dom Paulo Evaristo Arns, Ed. Vozes.
  • Vozes do Golpe (4 volumes), Carlos Heitor Cony, Zuenir Ventura, Luis Fernando Veríssimo, Companhia das Letras.
  • O Fim da Ditadura Militar, Bernardo Kucisnski, Ed. Contexto.
  • Ditadura militar, esquerdas e sociedades, Daniel Aarão Reis, Ed. Zahar.
  • 68: A paixão de uma utopia, Daniel Aarão Reis e Pedro de Moraes, Ed. Espaço e Tempo.
  • A canção no tempo – 85 anos de músicas brasileiras (v.2: 1958-1985), Jairo Severiano e Zuza Homem de Melo, Editora 34.
  • História das Tendências no Brasil, Antonio Ozai da Silva, Proposta Editorial.
  • Enciclopédia Nosso Século v.5 1960 – 1980 Sob as ordens de Brasília. Abril Cultural.
  • Propaganda e cinema a serviço do golpe, Denise Assis, Ed. Mauad.
  • Roteiro da Intolerância – A censura cinematográfica no Brasil, Inimá Simões, Ed. Senac.
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